Andrés Mourenza.
Atenas, 19 jun (EFE).- As negociações para formar um governo tripartite na Grécia liderado pelo conservador Nova Democracia (ND), vencedor das eleições do domingo passado, avançaram nesta terça-feira a um bom ritmo e já desponta um acordo que pode ser anunciado em breve.
O objetivo é conseguir um pacto entre os conservadores, que dispõem de 129 deputados, o social-democrata Pasok (33 deputados) e o centro-esquerdista Dimar (17).
O mandato do líder do ND, Antonis Samaras, para formar governo expira três dias depois de seu início (ou seja, no meio-dia de quinta-feira), e por isso espera-se que nessa data já se tenha acordado um novo Executivo na Grécia.
O porta-voz do Dimar, Andreas Papadópulos, disse à Agência Efe que o acordo poderia ser fechado nas próximas horas ou dias. ‘Pode ser amanhã, na quinta-feira ou na sexta, mas teremos governo antes do final da semana’, declarou.
‘O processo continua’, assegurou, por sua vez, o porta-voz do ND, Yannis Mijelakis, à emissora de rádio ‘Real FM’, indicando que há ‘convergências’ entre os negociadores.
Além disso, um colaborador próximo do líder do Pasok, Evangelos Venizelos, afirmou à Efe que as negociações ‘vão bem’.
Na tarde de hoje se reuniram vários ‘grupos de trabalho’ dos três partidos para tentar fechar o acordo e depois estava prevista uma reunião do comitê central do Dimar, enquanto o do Pasok não se reunirá até esta quarta-feira pela manhã.
Embora ND e Pasok já somem cadeiras suficientes para formar um governo estável (162 das 300 que possui o Parlamento), ambos desejam que o Dimar também faça parte do Executivo para ter um maior apoio popular.
Além disso, este pequeno partido centro-esquerdista, uma cisão de moderados do Syriza – segundo colocado nas eleições, com 71 cadeiras – e seu líder, Fotis Kouvelis, gozam de bastante prestígio do país.
O Dimar, contrário ao pacto de austeridade imposto à Grécia em troca do resgate financeiro, embora prefira renegociar os termos a realizar um gesto unilateral de rejeição, está disposto a entrar no governo se forem aceitas suas propostas, segundo disse à Efe seu porta-voz.
‘O principal é o programa de governo, depois falaremos de seus membros’, declarou.
De acordo com o jornal digital ‘In.gr’, nem Pasok nem Dimar veem com bons olhos Samaras como primeiro-ministro, mas estão dispostos a aceitá-lo se houver uma ‘convergência programática’.
Um dos pontos mais importantes desta convergência é o acordo para renegociar os termos do memorando pactuado pelo governo anterior de Lucas Papademos com a União Europeia (UE) e suavizar as exigências de austeridade.
Neste sentido, fontes europeias indicaram hoje à Efe em Bruxelas que a UE e o Fundo Monetário Internacional (FMI) assinarão com o governo grego um novo memorando de entendimento sobre o segundo resgate, que poderia incluir certa flexibilidade nos detalhes e nas reformas.
Assim que houver um novo governo em Atenas, representantes da troika – composta pela Comissão Europeia, o FMI e o Banco Central Europeu (BCE) – viajarão à Grécia para avaliar o estado do programa e depois o Eurogrupo tomará uma decisão a esse respeito.
‘A formação de governo acontece pela necessidade de estabelecer uma equipe de negociação nacional, que deveria conseguir a revisão das condições mais adversas do acordo de empréstimo que foram impostas na primeira fase das negociações porque então o principal objetivo era conseguir a conclusão do contrato’, afirmou Venizelos.
O líder social-democrata convidou os partidos que não façam parte do governo a unir-se a esta equipe, um convite dirigido, sobretudo, ao Syriza, mas em declarações à Efe um porta-voz deste partido, Kostas Isyjós, rejeitou taxativamente a oferta.
O setor financeiro grego recebeu com otimismo estas notícias e hoje a Bolsa de Atenas registrou lucro de 3,34%, enquanto no leilão mensal de títulos do Tesouro a três meses, a Grécia emitiu 1,3 bilhão de euros a juros de 4,31%, ligeiramente inferiores aos 4,34% do leilão do último dia 15 de maio.
O prêmio de risco heleno também continuou sua trajetória descendente iniciada na semana passada e nos últimos sete dias caiu mais de 300 pontos, embora seu nível hoje tenha se situado nos 2.469 pontos, ainda um patamar que torna impossível que o país busque financiamento nos mercados de dívida de longo prazo. EFE