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Governo quer obrigar gigantes da internet a armazenar dados no Brasil

"Criamos incentivos a datacenters no Brasil e tiramos todos os impostos para a compra de equipamentos. Mas eu acho que vamos ter de obrigá-los a armazenar os dados aqui", diz o ministro Paulo Bernardo

Por Da Redação
14 jul 2013, 15h52

O governo brasileiro ainda não tem uma política unificada para a internet, mas estuda uma medida para obrigar multinacionais como Facebook e Google a armazenarem seus dados no Brasil e não no exterior, disse o ministro das Comunicações Paulo Bernardo ao jornal O Estado de S. Paulo. “O ideal seria a empresa manter o registro aqui, para que os dados estejam disponíveis se a Justiça brasileira pedir”, disse.

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O ministro admitiu que essa medida não fazia parte do projeto de lei para regulamentar a internet que o governo estuda há vários meses e que apresentará ao Congresso, mas que “se tornou necessária agora”, após as revelações do ex-técnico da CIA Edward Snowden. Segundo ele, tanto a CIA como a Agência Nacional de Segurança (NSA, sigla em inglês) vasculham e-mails e telefonemas do Brasil.

O ministro afirmou que o armazenamento dos dados no país é um assunto de soberania nacional, pois as empresas de internet estão negando o fornecimento de dados à justiça brasileira alegando que seus arquivos não estão armazenados aqui. Bernardo disse que Dilma Rousseff planeja levar essa discussão à Organização das Nações Unidas (ONU).

O ministro citou que Google recentemente se recusou a entregar cópias de um e-mail para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) que investiga um caso de lavagem de dinheiro. “Com essas denúncias, vimos que lá eles entregam tudo. Aqui, alegam que não podem entregar”, afirmou.

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Paulo Bernardo disse que o Brasil já tinha oferecido incentivos para que as empresas mantivessem seus datacenters no país, mas que agora tentará garantir essa transferência pela lei. “Criamos incentivos a datacenters no Brasil e tiramos todos os impostos para a compra de equipamentos. Mas eu acho que vamos ter de obrigá-los a armazenar os dados aqui”, afirmou.

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Segundo o ministro, a vulnerabilidade dos dados transmitidos pelos brasileiros na internet é muito alta, pois, além da “colossal” concentração de datacenters nos Estados Unidos, a maioria das transmissões brasileiras passa por servidores americanos. “Hoje, os computadores centrais da internet são todos no Hemisfério Norte: dez nos EUA, dois na Europa e um no Japão. Cada clique que damos demora alguns milissegundos para ter uma resposta, porque a informação vai e volta. Sem contar que a internet não é de graça. O Brasil paga, no trânsito de informações com os EUA, cerca de 650 milhões de dólares”, disse.

Infraestrutura – O ministro também prometeu que, além de obrigar às empresas a arquivarem seus dados no país, o governo vai investir na infraestrutura das redes locais e na promoção de uma reforma da governança internacional da internet, para que seja assumida pela ONU e não pelos Estados Unidos.

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“O problema é que a internet tem regras de governança exclusivamente ditadas pelos EUA, por meio de uma entidade privada ligada ao Departamento do Comércio. Temos defendido que é preciso ter governança multilateral e multissetorial. Países e sociedades têm que estar representados. Mas os EUA resistem muito e barram qualquer tentativa de discussão em fóruns internacionais”, disse.

Outra iniciativa do governo será a análise das políticas de privacidade de empresas como Facebook e Google “para garantir o livre uso da internet com respeito à liberdade individual”. “A maioria das pessoas nem lê direito aquilo (políticas e termos de privacidade), mas sabe que alguém ganha dinheiro com os dados. Ali, está sendo dada uma autorização às empresas, mas não acredito que as pessoas pensem que o conteúdo dos e-mails será lido, ou pior, que será entregue a uma agência de segurança dos EUA”, disse.

“Também duvido que a legislação brasileira considere que a autorização de pegar dados também sirva para fornecê-los a terceiros. É uma coisa a se pensar, em se fazer uma legislação que fale: ‘Olha, não é válida uma autorização que seja tão ampla que possa se voltar contra os direitos dos usuários. Estamos avaliando se as cláusulas estão de acordo com a norma brasileira”, disse Paulo Bernardo.

(Com agência EFE)

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