Uma gestão do governo peruano para abrir um canal de diálogo com os líderes de uma greve em Cajamarca (norte do Peru) contra o projeto mineiro Conga, da empresa Yanacocha, foi concluída sem resultados, informou nesta quinta-feira um emissário governamental.
“Vim buscar a possibilidade de um diálogo e definir pontos de uma agenda para o diálogo (mas), isso não foi possível”, disse em Cajamarca ao Canal N de Lima Victor Caballero, chefe do Escritório de Gestão de Conflitos Sociais, que depende do primeiro-ministro, Salomón Lerner.
O funcionário reuniu-se com o governador da região Cajamarca, Gregorio Santos, que – segundo explicou – respondeu que o governo não deve suspender, mas cancelar definitivamente, o projeto Conga, que busca extrair ouro e cobre nas alturas andinas de Cajamarca.
A greve completa nesta quinta-feira seu oitavo dia e continua apesar de a mineira Yanachocha, propriedade da gigante americana Newmont, ter anunciado na noite de terça-feira que suspendia o projeto diante de uma exigência do governo para que fosse restabelecida a tranquilidade e a paz social nessa região.
Caballero considerou “lamentável” a postura do governador regional, e afirmou que um diálogo não pode ser iniciado com condicionantes.
A primeira-dama peruana, Nadine Heredia, escreveu na rede social Facebook que “o diálogo precisa abrir espaço e conseguir que a violência cesse. Temos que nos escutar pelo bem-estar de Cajamarca. Não podemos nos negar essa oportunidade”.
Em Cajamarca, a greve por tempo indefinido continua, mas o Comitê Único de Luta, que a convocou, concordou em desbloquear as estradas que estavam cortadas com troncos e pedras.
O governador Santos disse nesta quinta-feira que os piquetes de grevistas permitirão a passagem de veículos para evitar a possibilidade de desabastecimento de alimentos e combustível.
A população de Cajamarca, 850 km a nordeste de Lima e com 220.000 habitantes, se opõem ao projeto Conga que prevê secar quatro lagoas nas regiões altas para proceder com a exploração mineira. O projeto prevê uma transposição das águas para quatro reservatórios para garantir o fornecimento de água.
No entanto, a população afirma que isso afetará o ecossistema das lagoas e temem ficar sem água para consumo e para a agricultura.