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Governo Obama tenta defender secretário de Justiça

Envolvido em escândalo, Eric Holder é acusado de perjúrio por negar perseguição a jornalistas que publicaram reportagens com dados confidenciais

Por Da Redação
4 jun 2013, 02h57

A administração Barack Obama lançou mão de uma tentativa desesperada de salvar o secretário de Justiça, Eric Holder, da guilhotina. Na semana passada, o secretário foi acusado de perjúrio durante uma audiência no Congresso ao negar envolvimento em qualquer “potencial perseguição” a um jornalista da rede Fox News pela divulgação de informação confidencial. Agora, o Departamento de Justiça garante que o testemunho de Holder foi “preciso e consistente” com os fatos. Uma defesa que veio tarde e não deve surtir efeito a favor do secretário – ou de Obama, que ainda tenta se manter distante das críticas, enquanto mantém o apoio a Holder.

Depois de dar ordem para que jornalistas fossem espionados, o secretário passou a ter sua permanência no cargo ameaçada diante das inúmeras críticas de veículos de comunicação, grupos que defendem as liberdades civis e membros do Congresso. Neste fim de semana, o jornal The New York Times informou que até mesmo dentro da Casa Branca já há uma movimentação a favor da renúncia de Holder, que acumula o cargo de procurador-geral.

A crise de liberdade de imprensa nos EUA, um pilar da democracia americana, começou com a informação de que investigadores federais obtiveram secretamente registros telefônicos de mais de vinte linhas usadas por repórteres e editores da agência de notícias Associated Press (AP), incluindo telefones residenciais e celulares. A situação ficou ainda mais complicada para Holder – e para Obama – com a revelação de que o FBI vasculhou e-mails e quebrou o sigilo telefônico do correspondente da rede de televisão Fox News em Washington, James Rosen.

Não bastasse a espionagem, o jornalista ainda foi classificado pela polícia federal como “cúmplice de conspiração” depois de publicar informações contidas em documentos confidenciais do Departamento de Estado americano. Holder tentou se blindar no caso da AP, dizendo não ter assinado a ordem para espionar a agência. Mas não foi possível fazer o mesmo na questão envolvendo a Fox News, já que ele aprovou pessoalmente um mandado de busca que igualou o que era uma investigação jornalística a uma conduta criminal.

Carta – No entanto, uma carta enviada nesta segunda-feira a deputados republicanos por Peter Kadzik, vice-assistente do secretário, afirma que, como Rosen não foi acusado criminalmente, o depoimento prestado por ele não foi uma mentira. Em outra frente de defesa – igualmente fraca – o chefe de gabinete da Casa Branca, Denis McDonough, divulgou um comunicado culpando os republicanos pela situação em que Holder se encontra. O texto afirma que Obama e sua equipe “acreditam que o procurador-geral tem a inteligência, a experiência e a integridade para conduzir de forma eficiente o Departamento de Justiça e não se distrair por partidários que parecem mais interessados em lançar ataques políticos do que em cooperar”.

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Apesar do apoio público, internamente assessores da Casa Branca defendem que o procurador-geral deixe o cargo, por considerá-lo um político inapto. Ao longo dos quatro anos e meio de trabalho para Obama, Holder tem contado com duas aliadas importantes, aponta o New York Times. Uma delas é Valerie Jarrett, conselheira do presidente democrata, que trabalhou junto com o secretário durante a campanha presidencial de 2008. A outra é a primeira-dama Michelle, que se tornou grande amiga da mulher de Holder, Sharon Malone. Os dois casais saem para jantar com frequência, segundo o jornal. As aliadas, no entanto, podem não ter força suficiente para enfrentar a vítima das ações do secretário: a imprensa.

Encontros – Holder agendou reuniões com executivos dos principais veículos de imprensa para tentar se defender das críticas. Mas, depois dos primeiros encontros, não se comprometeu com nenhuma mudança, informou a rede americana CNN, que não quis participar de reuniões com Holder, assim como a Associated Press. Isso porque, inicialmente, o Departamento de Justiça pediu que as discussões fossem mantidas em sigilo. A justificativa era que o formato permitiria uma troca de ideias mais espontânea. Posteriormente, no entanto, os representantes dos grupos que se reuniram com o secretário disseram que as informações poderiam ser divulgadas. “Ele [Holder] reiterou o que o presidente já disse, que um repórter que está fazendo seu trabalho não deve ser criminalizado”, disse Susan Goldberg, editora-executiva da Bloomberg. “O uso do termo ‘cúmplice de conspiração’ foi o que acionou vários alarmes e ele percebeu isso”.

A editora refere-se ao caso do correspondente da Fox News, que foi classificado pela polícia federal como “cúmplice de conspiração” depois de publicar informações contidas em documentos confidenciais do Departamento de Estado americano. A intromissão do governo no trabalho do repórter atingiu um nível sem precedentes. Além de vasculhar o e-mail do jornalista e quebrar seu sigilo telefônico, o FBI chegou até a vigiar as visitas do correspondente ao Departamento de Estado. Holder aprovou pessoalmente um mandado de busca contra o jornalista. Na quinta e na sexta-feira, ele se reuniu com representantes do USA Today, Bloomberg, Los Angeles Times, Washington Post, Wall Street Journal e Daily News, entre outros. Os executivos pediram mais rigor na aprovação da quebra de registros telefônicos e a notificação prévia sobre sua realização. O governo alega que avisar previamente sobre a interceptação pode levar à destruição de provas. Novos encontros devem ocorrer ao longo desta semana.

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