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Governo e manifestantes trocam acusações por violência no Egito

Por Por Selim Saheb Ettaba
18 dez 2011, 19h39

Dez pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas em três dias de confrontos no Cairo, que prosseguiam neste domingo, entre militares e manifestantes, enquanto os dois lados trocavam acusações de brutalidade e vandalismo.

O exército mandou aos tribunais 164 pessoas, entre as quais 9 mulheres e menores, detidos por suspeita de envolvimento nos confrontos que começaram na manhã de sexta-feira nas imediações da sede do governo e por incendiar escritórios governamentais, informou uma fonte militar.

Os confrontos são os mais graves desde os enfrentamentos similares que ocorreram principalmente no Cairo, dias antes do início, em 28 de novembro, das primeiras legislativas desde a queda, em fevereiro, de Hosni Mubarak. Na ocasião, 42 pessoas morreram.

Os confrontos se concentraram ao redor dos bloqueios de arame farpado instalados pelas forças de segurança em uma rua vizinha a uma grande avenida que leva à praça Tahrir, epicentro dos protestos.

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A avenida está interrompida desde sábado por um muro de cimento para impedir que os manifestantes se aproximem dos centros de poder, próximos da praça.

Ao redor da praça Tahrir, os manifestantes exibiam a primeira página de um jornal, que publicou a foto de uma manifestante com véu e que aparecia no chão com o tronco nu, sendo arrastada e agredida por soldados.

Esta foto, assim como outras que mostram militares fazendo gestos obscenos para os manifestantes ou exibindo suas armas, circulavam como rastilho de pólvora pelas redes sociais.

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O Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), que governa o Egito desde a saída de Mubarak, respondeu publicando no Facebook e no YouTube imagens do saque a um edifício do governo, na sexta-feira, com o comentário: “não é nosso direito proteger a propriedade do povo?”.

O marechal Hussein Tantawi, chefe do CSFA e, consequentemente chefe de Estado, visitou os feridos em um hospital, segundo imagens exibidas pela televisão estatal.

Neste domingo, os manifestantes entraram no prédio, ainda fumegante, do Instituto do Egito para retirar manuscritos antigos, dos quais grande parte virou cinzas após o incêndio da véspera, pelo qual uma parte responsabiliza a outra.

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Uma perícia determinou que o prédio corre o risco de desmoronar.

O ministro da Cultura, Shaker Abdel Hamid, qualificou de “catástrofe para a ciência” o incêndio que destruiu o edifício do instituto, fundado em 1798, durante expedição ao Egito de Napoleão Bonaparte.

“No edifício havia manuscritos muito importantes e livros, cujo equivalente é muito difícil encontrar no mundo”, declarou, na noite de sábado.

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A bolsa do Cairo fechou em baixa de 3,46% e o premier, Kamal al Ganzuri, advertiu no sábado para um risco de “contrarrevolução”.

Os confrontos começaram na sexta-feira entre as forças de segurança e os manifestantes que acampavam desde o fim de novembro em frente à sede do governo para protestar contra a nomeação de Ganzuri, ex-chefe de governo durante o regime de Mubarak.

Os manifestantes pedem, ainda, o fim do poder militar.

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Os atos de violência ofuscaram a segunda etapa das eleições legislativas, que evidenciou o claro domínio dos partidos islamitas em detrimento dos liberais e dos movimentos nascidos durante a revolta contra Mubarak.

A Irmandade Muçulmana reivindicou 39% dos votos na segunda fase e os fundamentalistas salafistas, “mais de 30%”, contra respectivamente 36% e 24% na fase anterior, em que os islamitas de todas as tendências tiveram 65% dos votos.

A taxa de participação desta segunda fase, que abarcou um terço do país, foi de 67%, informou a comissão eleitoral.

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