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Governo de Rafael Correa promete radicalizar. E radicaliza

Presidente renova estado de exceção e líderes governistas suspendem reabertura do Congresso.

Por João Marcello Erthal, de Quito, Equador
5 out 2010, 22h24

O presidente Rafael Correa e os líderes do governo na Assembleia Nacional surpreenderam o país nesta terça-feira com duas medidas que deixam o povo equatoriano em alerta. A primeira, do gabinete do presidente, é a prorrogação do estado de exceção inicialmente previsto para se encerrar à meia-noite desta terça-feira – mesmo depois de ter, reiteradas vezes, afirmado que não havia necessidade de prorrogar a medida. O decreto estabelece a próxima sexta-feira como a nova data para a retomada da normalidade em todo o território nacional.

A outra notícia veio do Legislativo. A reabertura dos trabalhos dos congressistas foi suspensa pelo presidente da Casa, Fernando Cordero, que considerou não haver condições de segurança para a sessão. Para a oposição, no entanto, por trás das justificativas de Correa e Cordero está uma manobra para evitar novas derrotas do governo nos projetos de reforma de Correa.

O motivo apresentado pelo presidente da Assembleia Nacional para suspender a sessão foi a presença, na guarda legislativa, de integrantes do levante da última quinta-feira. Depois de uma coletiva de imprensa em que apresentou suas razões, Cordero seguiu para a delegacia que investiga a revolta. Cordero entregou imagens que provariam a participação de cerca de 40, dos 120 policiais da guarda legislativa, nos protestos da semana passada.

Uma declaração do chanceler equatoriano (egresso da esquerda ortodoxa dos anos 70 e um dos principais conselheiros de Correa) dá uma pista do que está por vir. Ricardo Patiño afirmou que o governo vai radicalizar e acelerar a implementação das reformas propostas por Correa, em sua “revolução cidadã”. “O que se deve esperar como resultado deste episódio é a radicalização e o aprofundamento da revolução cidadã. A radicalização e o aprofundamento vão acontecer porque foi o que nos trouxe até aqui e o que nos dá apoio popular”, defendeu Patiño.

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O governo de Correa apresentou, nesta terça-feira, supostas gravações das conversas de rádio dos policiais rebelados na semana passada. Uma das vozes afirma, em um dos trechos divulgados, “matem o presidente”. Essa seria uma das razões para renovar o estado de exceção, que suspende garantias individuais e mantém as Forças Armadas na patrulha de Quito. Na segunda-feira, na tradicional cerimônia de troca da guarda no Palácio do Governo, no centro histórico da capital, militares armados e franco-atiradores foram posicionados no telhado para que Correa pudesse fazer seu pronunciamento e acenasse para seus seguidores.

A versão da falta de segurança não convenceu a oposição. Para César Montúfar, um dos líderes da oposição, “se não havia condições para uma sessão legislativa, como pode ter sido realizada uma coletiva de imprensa na Assembleia?” Montúfar pede que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos invetigue os episódios dos dias 30 e 31 de setembro, por suspeita de abuso por parte do presidente.

A vice-presidente da Assembleia e líder da governista Aliança País, a deputada Irina Cabezas explicou ao site de VEJA que a suspensão da sessão desta terça-feira teve como objetivo proteger congressistas, funcionários, jornalistas e os próprios policiais. A principal discussão dos congressistas nesta terça-feira era sobre a Lei de Finanças Públicas, um ponto sensível para Correa. “Sabemos que não são todos os integrantes da polícia que estão envolvidos nas intenções golpistas contra o regime democrático no Equador”, disse a deputada. Irina nega as especulações de que a Aliança País esteja ruindo, em função da insatisfação com o excesso de vetos de Rafael Correa, que desagrada até mesmo integrantes de partidos aliados do governo. A previsão é de que a próxima sessão do legislativo ocorra na sexta-feira, 8.

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