Governo argentino acusa espião de contrabando
Tese governista insinua que Antonio 'Jaime' Stiuso estaria por trás da misteriosa morte do promotor Alberto Nisman
O homem que o governo Cristina Kirchner tenta envolver na morte do promotor Alberto Nisman agora está sendo acusado de contrabando e sonegação fiscal. Em entrevista coletiva nesta terça-feira, o secretário de Inteligência, Oscar Parrilli, apresentou uma denúncia contra o espião Antonio ‘Jaime’ Stiuso e outros dois agentes. “Eles realizaram 67 importações totalizando 94.000 quilos de mercadoria entre 2013 e 2014, que qualificamos como contrabando, porque não foram destinadas à Secretaria de Inteligência”, disse.
Demitido em dezembro por Cristina Kirchner, Stiuso havia trabalhado em estreita colaboração com Nisman, que apresentou uma acusação contra a presidente dias antes de ser encontrado morto no apartamento em que morava, em Buenos Aires. Logo depois da morte, Cristina tratou de construir uma tese e encontrar um culpado para o crime. A insinuação governista é de que Stiuso estaria por trás do misterioso caso. E o fato de ele ter sido demitido há pouco tempo é usado para construir a narrativa de que teria motivos para se vingar da presidente.
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Parrilli, homem de confiança da presidente Cristina Kirchner, assumiu o comando da Secretaria de Inteligência em dezembro, quando foi destituída a cúpula da instituição, incluindo Stiuso, que era chefe de operações da SI.
Nesta segunda, Parrilli disse que o contrabando foi realizado por meio de empresas importadoras, “a maioria de Miami”, e que incluía material médico, equipamentos oftalmológicos e brinquedos eletrônicos, entre outros. Ele acrescentou que, de acordo com o relatório da Direção de Migração, a caminhonete preta utilizada por Stiuso para viajar da Argentina para o Uruguai na semana passada, após testemunhar pelo caso Nisman, pertence a uma das companhias supostamente envolvidas em contrabando.
A denúncia de Nisman aponta que Cristina e vários apoiadores acobertaram a participação do Irã em um atentado contra um centro judaico em Buenos Aires, em 1994, que deixou 85 mortos e 300 feridos. Depois da morte do procurador, Gerardo Pollicita analisou a denúncia e decidiu pelo indiciamento dos envolvidos, para dar continuidade à investigação.
(Com agência France-Presse)