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Funeral de Kim Jong-Il provoca primeiro atrito entre Coreias

Pyongyang se mostrou disposta a aceitar delegações do Sul para funeral de Kim Jong-Il, mas Seul manteve sua posição de não autorizar viagens ao Norte

Por Da Redação
23 dez 2011, 09h24

O primeiro atrito envolvendo as duas Coreias após a morte de Kim Jong-Il foi registrado nesta sexta-feira. Enquanto Pyongyang se mostrou disposta a aceitar as delegações de condolência do país vizinho, Seul manteve sua posição de não autorizar estas viagens ao Norte. Faltando cinco dias para o funeral que encerrará outro capítulo da história do país comunista, Pyongyang afirmou, ainda assim, através do site estatal Uriminzokkiri que receberá todas as delegações sul-coreanas que desejem atravessar a fronteira para participar da cerimônia e criticou duramente as restrições imposta pela Coreia do Sul.

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Mesmo com as críticas, o ministro da Unificação sul-coreano, Yu Woo-ik, que desde agosto impulsiona políticas mais conciliadoras em direção ao país comunista, confirmou que a Coreia do Sul deverá autorizar apenas as duas delegações que já estavam confirmadas anteriormente. Para evitar que seus cidadãos tenham contato com o vizinho comunista, Seul aprovou a viagem de somente dois grupos, os quais serão liderados pela ex-primeira-dama Lee Hee-ho, viúva do ex-presidente e Prêmio Nobel da Paz sul-coreano Kim Dae-jung, e a presidente do grupo Hyundai, Hyun Jeong-eun.

Anos atrás, a Coreia do Norte também enviou comitivas à Coreia do Sul para acompanhar o funeral de Kim Dae-jung e também do ex-presidente da Hyundai, Chung Mong-hun, protagonistas no plano político e econômico, respectivamente, dos anos de reconciliação intercoreana no começo da década passada. A Coreia do Norte, que considera uma ofensa essa “autorização seletiva” do governo conservador sul-coreano, advertiu que as relações entre as duas Coreias “poderiam piorar” se Seul proibisse que seus cidadãos fossem em direção ao Norte para expressar suas condolências.

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Além de reprovar a postura do país vizinho, a Coreia do Norte também declarou que Seul deveria enviar uma delegação oficial, fato que não foi respeitado quando morreu o fundador do regime Kim Il-sung em 1994. Pyongyang ainda advertiu que este episódio poderá gerar grandes consequências. À margem desta disputa, a imprensa sul-coreana também buscou na internet integrantes da família que desde 1948 governa o estado comunista mais ortodoxo e hermético do mundo, isso em uma tentativa de saber sobre quem poderia estar presente no funeral de Kim Jong-Il junto ao seu sucessor, Kim Jong-un.

Presenças e ausências – Apesar do funeral de Kim Jong-il ser o tema mais discutido na imprensa sul-coreana, outro assunto também ganhou destaque nestes últimos dias: Kim Yeo-jong, de 24 anos, irmã menor de Kim Jong-un. A filha do falecido ditador poderia ser a pessoa que aparece junto à Jong-un em várias imagens do velório do “querido líder”. Segundo a imprensa sul-coreana, esta mulher poderia trabalhar no influente departamento de organização do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte. Se for confirmado que se trata realmente da filha de Kim Jong-il, essa seria a primeira aparição em público de uma jovem que no futuro poderia ocupar uma posição privilegiada na maquinaria de estado da Coreia do Norte, o país onde quase tudo é tratado com sigilo.

Outro que não deve aparecer no funeral do “querido líder” é Kim Jong-nam, filho mais velho de Kim Jong-Il, o qual perdeu há anos o favor paterno. A página de Facebook do primogênito do ditador, que foi surpreendido há alguns anos tentando entrar no Japão com um passaporte falso para visitar à Disney, exibia insultos ao sucessor Kim Jong-un nesta semana. A imprensa também descarta a presença do filho de Kim Jong-nam e neto do falecido líder, o adolescente Kim Han-sol, que possui o cabelo tingido nas imagens de seu perfil na rede social, onde teria postado frases que indicam sua preferência pela democracia.

Também não possui sua presença confirmada é Kim Pyong-Il, irmão do falecido líder, que décadas atrás poderia assumir liderança do regime e foi enviado à Europa para evitar uma luta interna. O mais provável é que Pyong-Il fique na Polônia, onde é embaixador.

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Ameaça nuclear – Paralelamente, nesta sexta-feira, a Coreia do Sul e a China decidiram dar juntas “um novo impulso” aos esforços diplomáticos para retomar as conversas destinadas a suspender o programa nuclear da Coreia do Norte, informou a agência Yonhap. O enviado sul-coreano, Lim Sung-nam, retornou nesta sexta-feira a Seul após uma visita de dois dias a Pequim, onde conversou com Wu Dawei e outros altos funcionários sobre o processo de diálogo interrompido desde 2008 que envolve as duas Coreias, a China, os Estados Unidos, a Rússia e o Japão.

O representante de Seul disse que também decidiu com Wu Dawei fazer esforços conjuntos para ajudar a Coreia do Norte a manter a estabilidade após a morte inesperada de Kim Jong-Il. A reunião entre os enviados sul-coreano e chinês ocorreu em um momento de incerteza, depois que Pyongyang anunciou na segunda-feira a morte de seu líder máximo após 17 anos no poder. Os dois enviados somarão esforços para dar um novo impulso à retomada das conversas entre esses países, afirmou Lim Sung-nam, que descreveu como “útil” o diálogo com o enviado de Pequim.

Lim se recusou, no entanto, a fazer comentários sobre as perspectivas de um reatamento das conversas e disse que os países envolvidos devem esperar a Coreia do Norte tomar alguma decisão após seu período oficial de luto, que terminará em 29 de dezembro. A Coreia do Sul e os EUA mantiveram ao longo deste ano quatro encontros bilaterais com a Coreia do Norte para negociar a continuação das conversas entre os países, mas nenhum deles chegou a acordos concretos.

Enquanto a Coreia do Norte pede a retomada do diálogo sem condições prévias, os EUA e a Coreia do Sul se negam a fazer isso até que o país comunista suspenda seu programa de enriquecimento de urânio e permita a entrada de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

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(Com agência EFE)

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