Fundação das Mães da Praça de Maio será investigada
Integrante da entidade que luta por direitos humanos é acusado de corrupção
A Justiça da Argentina vai investigar a Fundação das Mães da Praça de Maio, símbolo da luta pelo julgamento dos crimes cometidos por militares durante a ditadura do país. A entidade foi atingida por seu primeiro grande escândalo de corrupção após Sergio Schoklender, ex-braço direito da líder da organização, Hebe de Bonafini, ser denunciado por enriquecimento ilícito e desvio de fundos públicos em várias operações imobiliárias ilegais. De acordo com o jornal La Nación, a Justiça vai investigar todas as contas bancárias e contratos da entidade.
O escândalo pode abalar a imagem do governo de Cristina Kirchner, aliada da organização. As denúncias, levadas a público pela imprensa de Buenos Aires, indicam que Schoklender enriqueceu de forma exponencial. Ele administrava fundos de 300 milhões de dólares que o governo federal tinha destinado às mães para a construção de casas.
Além de ser o diretor de uma empreiteira que se encarregava das obras da fundação em projetos de casas populares, Schoklender teria uma luxuosa chácara na região de Buenos Aires, quatro iates (avaliados entre 40.000 e 420.000 dólares), um Porsche, uma Ferrari, uma fazenda na Província de Chubut e um avião. Dias atrás, quando o escândalo começou a crescer, Schoklender tentou se defender: “Só tinha um iatezinho”.
Construções – Nesta semana, com a ampliação do escândalo, o subsecretário federal de Obras Públicas, Abel Fatala, disse que os fundos fornecidos pelo governo Kirchner à Fundação Sonhos Compartilhados (nome da divisão que constrói as casas populares) foram totalmente destinados às obras. No entanto, o governo admitiu que não há controle direto sobre a construção das moradias. De acordo com a oposição, apenas 35% das casas projetadas pela fundação foram construídas.
A associação de mães de desaparecidos durante a ditadura no país (1976-1983) era, até agora, intocável. Quase todas as mães têm mais de 80 anos. Para a Casa Rosada, é preciso desvincular a fundação do grupo de Schoklender. Porém, o caso ainda suscita dúvidas e preocupa Cristina, que deve anunciar sua candidatura à reeleição em 23 de junho para as eleições presidenciais de outubro.
(Com Agência Estado)