Franceses fazem greve nacional e enfrentam polícia em Paris

Mais de um milhão de trabalhadores franceses saíram às ruas nesta quinta-feira para protestar contra a demissão em massa de funcionários em decorrência dos efeitos da crise econômica mundial. A mobilização nacional, batizada de “Quinta-Feira Negra”, provocou atrasos no sistema de transporte, interrompeu serviços públicos e deixou milhões de crianças sem professores nas escolas. A paralisação representa o maior teste político interno já enfrentado pelo presidente Nicolas Sarkozy desde que tomou posse, em 2007.
Cerca de 100 grevistas enfrentaram a polícia no centro de Paris na noite de quinta. Não há informações sobre presos ou feridos.
Entre as exigências feitas por servidores públicos e funcionários de empresas privadas estão a implantação de medidas de estímulo ao emprego, melhoras no poder aquisitivo da população e a garantia do serviço público, já que estão previstas 30.000 demissões para o setor.
Apesar de ter recebido apoio público, a greve não conseguiu paralisar completamente as atividades. Segundo o governo, no setor público, a taxa de participação foi de 23%. Na área de educação, 60% aderiram aos protestos, de acordo com os sindicatos.
Já gestores do setor privado registraram um nível muito mais baixo da participação de seus funcionários na greve. Segundo eles, muitos não foram trabalhar para evitar os transtornos no sistema de transportes públicos. De acordo com o aeroporto de Orly, um terço dos vôos partindo de Paris foi cancelado.
Embora a adesão não tenha sido tão representativa quanto se esperava, muitas pessoas tiveram suas rotinas afetadas. Algumas tiveram que recorrer à bicicleta ou caminhar no frio para chegar ao trabalho. Muitos bancos não abriram, e alguns trabalhadores das indústrias também se uniram aos grevistas. Até mesmo os funcionários do Banco Central da França e das agências de seguro-desemprego, além de juízes e advogados, participaram dos protestos ao lado de desempregados e aposentados.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, não se pronunciou sobre a greve. Fontes do governo afirmam que ele estava enfurecido e esperava que a paralisação durasse apenas um dia. A única declaração oficial foi dada pelo ministro do Orçamento, Eric Woerth, em entrevista à rádio local RMC. “Temos uma política de reforma, um plano de recuperação. A greve não é a solução para a crise”, afirmou.