França inicia transferência de 1.500 menores refugiados de Calais
Crianças e adolescentes desacompanhados ainda não sabem se conseguirão asilo no Reino Unido ou se viverão na França
As autoridades francesas começaram, nesta quarta-feira, a transferir os 1.500 menores de idade que viviam no acampamento de refugiados em Calais, mesmo após o início da demolição do local, na semana passada. Crianças e adolescentes desacompanhados estão sendo levados para outras cidades na França, onde serão processados seus pedidos de asilo no país ou no Reino Unido.
Os primeiros 14 ônibus, com cerca de 600 crianças, deixaram nesta manhã o centro provisório, onde os menores desacompanhados dormiam em containers adaptados, após o desmantelamento do campo. Aqueles que afirmam ter parentes em território britânico poderão pedir a transferência, com base no direito ao reagrupamento familiar reconhecido pela União Europeia. Os outros ainda não têm certeza sobre onde viverão no futuro.
De acordo com o jornal The Guardian, trezentas crianças já foram enviadas ao Reino Unido na semana passada e o governo francês esperava que os britânicos recebessem todos os menores de idade que estavam em Calais. A maioria dos casos, porém, segue sem definição, deixando os jovens nervosos e com poucas informações.
Por sua proximidade com a costa britânica, Calais, no norte da França, se tornou um ímã para os migrantes, que ao longo dos anos se instalaram em acampamentos improvisados. Quase 8.000 refugiados viviam no local insalubre, na esperança de chegar ao Reino Unido. Na semana passada, o acampamento foi destruído pelas autoridades francesas e os refugiados realocados pelo país.
Na manhã desta quarta, já nos ônibus, adolescentes e crianças ficavam em dúvida sobre o local onde seriam levados. Segundo o Guardian, os menores estavam acompanhados de oficiais do governo britânico, por isso, alguns acreditaram que já iriam para o Reino Unido. Órfão, o afegão Wali Tajek, de 16 anos, disse que seu tio vive no país e está disposto a recebê-lo, porém, as autoridades francesas não processam seu pedido. “Fiz uma entrevista há um mês e me disseram que demoraria duas semanas, mas ainda não tenho resposta”, disse ao jornal. “Há muitas brigas, todos estão sempre irritados”.
(Com AFP)