A França deu início neste sábado (19) aos ataques contra o regime do ditador líbio Muamar Kadafi. A decisão foi formalizada na Cúpula de Paris, que reuniu hoje 22 líderes ocidentais e árabes, pondo em prática a resolução aprovada na quinta-feira pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
Após os primeiros movimentos da força aérea francesa, Grã-Bretanha e Estados Unidos somaram forças. O Pentágono informou que desde o começo da noite já foram disparados contra alvos líbios mais de 100 mísseis Tomahawks, de grande poder de destruição. Os ataques partiram de submarinos americanos e navios britânicos na costa da Líbia. Segundo os Estados Unidos, os ataques têm como objetivo minar as baterias antiaéreas de Kadafi próximas à capital Trípoli. Os EUA estão priorizando os ataques com mísseis a partir do mar e recolheu os caças da sua força aérea. Segundo a rede CNN, testemunhas relatam fortes explosões próximas a Trípoli, a capital.
O ataque foi autorizado pelo presidente Barack Obama durante conversa que mantinha com a presidente Dilma Rousseff. A força aérea americana nomeou a ação de Odisseia do Amanhecer.
A Espanha fez coro à iniciativa e ofereceu seis caças F-18 e uma fragata F-100 para dar suporte à ação militar. Caças italianos estão posicionados na ilha de Chipre, no Mediterrâneo, e 18 aviões canadenses pousaram no início desta tarde na base italiana de Trapani, na Sicília.
Ataque – Na manhã deste sábado, desafiando as exigências mundiais de um cessar-fogo imediato, as tropas de Kadafi invadiram a cidade de Bengasi e abriram fogo contra rebeldes e civis. O cerco à segunda maior cidade da Líbia, com 670 mil habitantes, pareceu uma tentativa de se antecipar à intervenção militar do Ocidente. Pelo menos oito pessoas morreram.
EUA – Em visita ao Brasil, o presidente americano Barack Obama disse que os Estados Unidos estão decididos a agir “de forma urgente para libertar o povo líbio”, cumprindo a resolução do Conselho de Segurança, que previa o uso de “todas as medidas” para proteger a oposição ao regime de Kadafi. A secretária de Estado Hillary Clinton detalhou em uma entrevista coletiva esta tarde que os Estados Unidos não enviarão tropas por via terrestre. Hillary cobrou ainda a participação dos países árabes na ação, que ela classificou como “crucial” para o êxito da operação. “A nossa missão é proteger o povo líbio dos ataques do seu próprio governo”, disse a secretária.
Desespero – Antes de começar a revolta na Líbia, o exército de Kadafi contava com 100 mil soldados, sendo 12 mil de elite. As forças do ditador contam ainda com 300 aviões e caças, a maioria deles MiG russos e Mirage franceses equipados com mísseis soviéticos ar-ar (que são lançados de aviões contra outros aviões). Analistas acreditam que, por obsoletos, o aparato militar de Kadafi é incapaz de fazer frente à intervenção dos países ocidentais. A maioria dos mísseis de alcance terra-ar estão localizados ao redor de Trípoli, a capital.
O presidente da ONU, Ban Ki-moon, disse em entrevista hoje após o término da Cúpula de Paris que, no último contato que fez com o governo líbio, o primeiro-ministro Mahmudi Bahgdadi parecia “desesperado”. A Cruz Vermelha divulgou um comunicado oficial pedindo que os direitos humanos sejam respeitados no conflito. Dirigindo-se à Líbia, a organização pediu a entrada de comboios humanitários para ajudar os feridos, principalmente na cidade de Bengasi.
Rússia – A Rússia divulgou um comunicado em que lamenta o ataque das forças ocidentais contra Kadafi. O país foi um dos cinco que se abstiveram na votação da resolução da ONU que autorizou o ataque à Líbia. Os outros foram Brasil, China, Índia e Alemanha.
O Ministro das Relações Exteriores francês, Alain Juppé declarou que a ação contra a Líbia vai continuar por alguns dias até que Kadafi cumpra ao pé da letra a resolução da ONU que condena os ataques que o ditador tem feito aos opositores.
Petróleo – Em contraponto às informações dos países ocidentais, a TV estatal libanesa mostrou imagens de supostos tanques de petróleo bombardeados pela coalisão estrangeira e centenas de pessoas abrigadas nos palácios de Kadafi.
Atualizado às 19:30