A esquerda francesa conquistou neste domingo uma vitória histórica ao obter, pela primeira vez em mais de 50 anos, a maioria absoluta no Senado, sete meses antes da eleição presidencial.
No total, a esquerda soma agora 177 cadeiras, duas a mais que o exigido para a maioria absoluta no Senado, que tem 348 membros.
Neste domingo, 170 das 348 cadeiras do Senado estavam em jogo, em eleições indiretas, por maioria ou de forma proporcional, segundo a circunscrição.
“Pela primeira vez, a esquerda domina” o Senado, festejou Jean-Pierre Bel, líder dos senadores socialistas, que deve suceder o atual presidente da casa, Gérard Larcher, do partido conservador UMP, do presidente Nicolas Sarkozy.
François Hollande, favorito entre os pré-candidatos socialistas na corrida presidencial, disse que o resultado deste domingo é a decomposição do sistema Sarkozy e um sinal para a eleição de 2012.
O primeiro-ministro francês, François Fillon, admitiu o “forte avanço” da oposição, “acentuado pelas divisões da maioria” governista, mas estimou que “o momento da verdade virá apenas na próxima primavera (boreal)”.
De fato, a mudança no Senado não representa um problema sério para o governo Sarkozy, já que a Constituição francesa concentra os poderes legislativos na Assembleia Nacional, a câmara baixa do Parlamento.
Mas o presidente do Senado é o segundo homem do Estado francês, já que substitui o presidente da República em caso de vacância e acompanha o chefe de Estado em todos os atos institucionais.
Com os bons resultados das últimas eleições municipais, regionais e cantonais, a esquerda mudou o perfil dos cerca de 72.000 cargos locais – os chamados “grandes eleitores” -, encarregados de eleger a metade dos senadores este domingo.
O Senado francês foi criado em 1795, mas sua forma atual data de 1958, quando foi criada a V República. Desde esse ano, a câmara alta sempre foi dominada pelos conservadores. Sua composição é renovada em 50% a cada três anos.