França e Reino Unido trocam acusações após tragédia do Canal da Mancha
Número de migrantes que tentaram atravessar o Canal da Mancha triplicou em 2021
A morte de pelo menos 31 refugiados e migrantes na última quarta-feira, 24, no Canal da Mancha aumentou as tensões entre Reino Unido e França sobre como lidar com o contingente de pessoas que tentam atravessar o local em pequenos barcos.
Apesar das promessas do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e do presidente francês, Emmanuel Macron, de que fariam o possível para impedir que contrabandistas coloquem vidas em risco, ambos já começaram a fazer críticas mútuas por não terem evitado a tragédia da última quarta.
Por um lado, as autoridades britânicas criticam a França por rejeitar a oferta para a criação de patrulhas conjuntas ao longo da costa. Por outro lado, autoridades francesas rebatem dizendo que o Reino Unido permite facilmente que os migrantes permaneçam no país e consigam trabalho, alimentando a vinda de mais pessoas.
Crianças e mulheres grávidas estão entre as vítimas daquela que é a maior tragédia envolvendo a travessia de migrantes no Canal da Mancha. De acordo com o ministro do Interior francês, Gérald Darmain, cinco suspeitos envolvidos com a travessia do grupo foram presos nesta quinta-feira, 25.
Em meio às acusações, os governos dos respectivos países irão discutir o crescente número de pessoas que estão cruzando a hidrovia em pequenos barcos. Com esperança de conseguir asilo e melhores oportunidades, milhares têm tentado realizar a travessia do canal utilizando-se de embarcações pequenas com condições precárias de navegação.
Segundo dados oficiais, mais de 25.000 pessoas realizaram o processo apenas em 2021, quantidade três vezes maior do que o total do ano anterior. Destes, 7.800 precisaram ser resgatados no mar, números que dobraram desde agosto.
Para Zoe Gardner, do Conselho Conjunto de Bem-Estar para Imigrantes, à BBC, essa tragédia não era apenas previsível, mas completamente evitável e que outras alternativas precisam ser oferecidas a esses grupos.
Na última quarta, Boris Johnson disse que está claro que as operações francesas para impedir que os barcos deixem a costa não foram suficientes, apesar das milhões de libras de apoio prometido pelo governo britânico para financiar as patrulhas.
No entanto, políticos franceses afirmam que o aumento da fiscalização não irá resolver o problema, uma vez que existem de 200 a 300 quilômetros de costa para serem monitorados 24 horas por dia.