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França é alvo de boicotes de países islâmicos após declarações de Macron

Presidente francês defendeu professor assassinado por exibir charges que representavam o profeta Maomé em sala de aula

Por Da Redação
28 out 2020, 11h31

Queimando cartazes que estampavam o rosto do presidente francês, Emmanuel Macron, dezenas de milhares de pessoas em Bangladesh pediram na terça-feira 27 o boicote a produtos franceses. Os manifestantes se juntaram ao coro de países de maioria muçulmana que condenaram a fala de Macron sobre o Islã, assim como os eventos que se seguiram após a decapitação de um professor francês devido a uma aula sobre liberdade de expressão.

Em Dacca, a capital de Bangladesh, a polícia calculou que mais de 40.000 pessoas participaram da passeata organizada pelo Islami Andolan Bangladesh (IAB), um dos principais partidos muçulmanos do país. “Macron é um dos poucos dirigentes que adoram Satã”, declarou um dos líderes do IAB, Ataur Rahman, à multidão reunida na mesquita Baitul Mukarram.

Rahman pediu ao governo de Bangladesh para “expulsar” o embaixador francês. Hasan Khamal, outro líder do IAB, declarou que os manifestantes iriam “destruir todos os tijolos do prédio” da embaixada, se o diplomata não fosse expulso. O protesto foi contido antes de a multidão se aproximar da embaixada francesa.

Em 16 de outubro, o professor Samuel Paty lecionou uma aula sobre liberdade de expressão e mostrou charges do profeta islâmico Maomé para os alunos, alguns deles muçulmanos. Ao sair da escola, o professor foi abordado por um homem que o decapitou. A polícia perseguiu o suspeito e o matou numa cidade vizinha à Paris.

Os muçulmanos acreditam que Alá não pode ser retratado em uma imagem feita por mãos humanas, dada sua beleza e grandeza. O mesmo é aplicado a Maomé. Por isso, qualquer representação gráfica é considerada um insulto aos islamismo.

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A primeira reação oficial de Macron ao atentado foi uma declaração em sua conta no Twitter, onde ele escreveu “eles não passarão”. Nos dias seguintes aos atentados, foram realizadas diversas prisões e até o fechamento de uma mesquita

Macron prometeu acabar com o extremismo na França e afirmou que o país não iria renunciar à liberdade de expressão. “Samuel Paty foi morto porque os islâmicos querem nosso futuro, mas a França não desistirá de nossos cartuns”, afirmou o presidente francês, em homenagem ao professor assassinado. Paty ainda foi lembrado por milhares de pessoas que se reuniram em Paris para uma cerimônia póstuma.

Com a maior população muçulmana da Europa Ocidental — cerca de 9% do total —, a França defende há anos o secularismo do Estado, com medidas como a proibição do uso de niqabs (véu muçulmano que cobre o rosto) em locais públicos e escolas.

Por conta da defesa da charge, o presidente da Túrquia, Recep Tayyip Erdogan, questionou a saúde mental do presidente francês e convocou um boicote nacional dos produtos franceses.

Erdogan afirmou que “uma campanha de linchamento está sendo realizada contra os muçulmanos, semelhante à dos judeus da Europa antes da Segunda Guerra Mundial”.

Em outros países muçulmanos, como Paquistão e Marrocos, as declarações do presidente Macron também provocaram protestos. O movimento palestino Hamas, os talibãs no Afeganistão e o Hezbollah libanês também criticaram a França.

No Catar, os supermercados Al Meera e Suq al Baladi anunciaram que vão “retirar” produtos franceses de suas lojas. Já o Irã convocou o número dois da embaixada da França no Irã. Islamabad fez o mesmo com o embaixador da França no Paquistão.  Na Jordânia, o ministro de Assuntos Islâmicos Mohamed al-Khalayleh protestou.

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O Marrocos condenou “energicamente” as caricaturas. Por sua vez, o alto conselho islâmico da Argélia criticou uma “campanha virulenta” contra o islã.

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