Paris, 30 mar (EFE).- A polícia francesa investiu nesta sexta-feira contra os radicais islâmicos do país, em uma operação que terminou com 19 detenções em diferentes cidades, oito dias após ter abatido Mohammed Merah, o homem que matou sete pessoas na região de Toulouse supostamente em nome da Al Qaeda.
As detenções não têm relação direta com Merah, segundo indicaram fontes policiais, mas foram feitas depois da ordem do presidente francês, Nicolas Sarkozy, de neutralizar as redes islâmicas após os atentados de Toulouse e Montauban.
O próprio Sarkozy confirmou as prisões e indicou que foram confiscadas armas, advertindo que haverá mais operações deste tipo.
‘O que ocorreu nesta manhã vai continuar, haverá outras operações’, afirmou o presidente francês na rádio ‘Europe 1’.
O ministro do Interior, Claude Guéant, detalhou que os detidos ‘são pessoas que afirmam na internet ser mujahedins e dizem ter uma ideologia extremista radical, de combate’, e acrescentou que tiveram ‘um treinamento de caráter paramilitar’.
A maioria das detenções ocorreu em Toulouse e Nantes, embora algumas pessoas também tenham sido presas na região de Paris, Lyon e Marselha.
No ponto de mira dos policiais estava o ‘Forsane Alliza’, o pequeno grupo salafista radical dissolvido em 29 de fevereiro por ordem do Ministério do Interior, que as autoridades consideravam que incentivava a violência.
Entre os detidos está o líder do grupo, Mohammed Achamlane, relatou a imprensa local, que indicou que em sua residência foram encontradas armas.
O núcleo desta organização, sobre a qual há suspeitas de que organizava o recrutamento de militantes radicais islâmicos, era em Nantes, no noroeste do país.
Sarkozy justificou o ataque aos islâmicos pelo trauma que os assassinatos de Merah causaram na sociedade francesa, um crime que, para o presidente, teve um efeito similar ao produzido nos Estados Unidos pelos atentados de 11 de setembro.
‘Essas pessoas não têm nada a fazer em nosso território’, indicou o governante, que manifestou sua intenção de ‘expulsar’ os radicais islâmicos.
É nesta linha que se situa, de acordo com Sarkozy, a decisão de proibir a entrada no país de quatro palestrantes convidados para um congresso que acontecerá na próxima semana nos arredores de Paris.
Para explicar o veto a Akrima Sabri, Ayed bin Abdallah al-Qarni, Safwat Al Hijazi e Abdallah Basfar, convidados a um congresso pela União de Organizações Islâmicas da França, o presidente apontou que o país ‘não quer pessoas que defendem valores contrários à República’.
Após os atentados de Toulouse, Sarkozy anunciou uma lei para punir penalmente quem acessar de forma habitual sites que façam apologia à violência ou viajar ao exterior para receber doutrinamento.
A operação contra os islâmicos acontece um dia depois do enterro de Mohammed Merah em um cemitério nos arredores de Toulouse, após a recusa das autoridades argelinas a receber o corpo, como havia sido solicitado por seu pai, que vive nesse país.
As investigações sobre os assassinatos de Toulouse continuam e os agentes tentam determinar se Merah contou com algum cúmplice em seus crimes.
Abdelkader Merah, irmão mais velho do assassino confesso detido na noite do dia 21 enquanto Mohammed estava encurralado em sua casa de Toulouse, está preso acusado de cumplicidade.
Mohammed Merah foi morto no dia 22 após ter permanecido cercado pelas forças de elite francesas durante mais de 30 horas. EFE