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Forças de segurança de Maduro bloqueiam acesso à Assembleia Nacional

Em Washington, ativistas pró-Maduro recusam oferta para deixar prédio da embaixada da Venezuela e impedem ingresso de representante de Guaidó

Por Da Redação
Atualizado em 14 Maio 2019, 21h42 - Publicado em 14 Maio 2019, 20h18

Deputados venezuelanos denunciaram nesta terça-feira, 14, o bloqueio dos acessos à Assembleia Nacional, em Caracas, pelas forças de segurança do regime de Nicolás Maduro. O cerco deu-se no mesmo dia em que o Suprema Corte de Justiça da Venezuela acusou quatro deputados da oposição de organizarem um motim contra o governo.

Tropas da Guarda Nacional Bolivariana – encarregada da segurança do Palácio Legislativo -, policiais e agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) também ingressaram no prédio e se mantiveram em sentinela nos arredores. Veículos blindados e um guindaste foram colocados nas proximidades.

“Estão tentando fechar pela via de fato o Parlamento, única instância legítima reconhecida pelo mundo”, alertou Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional e reconhecido por mais de 50 países como presidente interino da Venezuela.

A Assembleia Nacional é o único poder da Venezuela nas mãos da oposição. Suas atribuições oficiais, entretanto, foram repassadas para a Assembleia Constituinte, de maioria governista. O regime de Maduro controla ainda a Suprema Corte de Justiça.

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“Funcionários da Sebin, com a desculpa de que há um artefato explosivo dentro das instalações, tomaram o Palácio Federal. Estamos cercados por funcionários da Inteligência”, disse a deputada Manuela Bolívar, que denunciou o incidente como “intimidação” e resultado da disputa entre Guaidó e Maduro.

“É algo recorrente, não é a primeira vez que isso acontece”, disse Bolívar, observando que se trata de “uma política para enfraquecer a Assembleia”. “Seja em uma praça, nos anexos, debaixo de uma ponte, a Assembleia continuará a realizar sessões e hoje haverá uma sessão”, declarou à imprensa o congressista Luis Stefanelli.

Carne de mártir

Em 7 de maio, a Assembleia Constituinte retirou a imunidade de dez parlamentares da oposição, depois que a Suprema Corte de Justiça os acusou de apoiar a revolta de um pequeno grupo de militares contra Maduro. A rebelião fora liderada por Guaidó e por Leopoldo López, libertado da prisão domiciliar pelos insurgentes e refugiado na residência do embaixador da Espanha.

Em uma operação incomum, que incluiu o uso de um caminhão de reboque, na semana passada, Egdar Zambrano, vice-presidente do Parlamento, foi preso e levado para o Forte Tiuna, o principal complexo militar da capital venezuelana. Zambrano foi um dos acusados. Dois outros parlamentares se refugiaram nas residências dos embaixadores da Itália e da Argentina e um terceiro fugiu para a Colômbia.

A Corte Suprema determinou que os fatos investigados “comprometem a responsabilidade” dos parlamentares Carlos Paparoni, Miguel Pizarro, Franco Casella e Winston Flores. “Nenhum de nós se acha ou tem carne de mártir, mas não estamos dispostos a abandonar a luta pelo futuro”, disse Paparoni à imprensa.

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ONU

Apesar do fracasso da tentativa de Guaidó de remover Maduro do poder com o apoio de militares e da aparente estagnação do movimento de oposição, várias mobilizações estão sendo gestadas em foros internacionais.

A Anistia Internacional denunciou nesta terça-feira, no México, que os protestos da oposição venezuelana sofreram “uma estratégia de ataque sistemático e generalizado” pelo regime de Maduro. A organização não-governamental solicitou ao Tribunal Penal Internacional (TPI) uma ampla investigação sobre o país.

Vários países europeus apresentaram nesta terça-feira o Grupo Internacional de Contato sobre a Venezuela como a melhor maneira de “avançar na resolução política e pacífica da crise e longe do confronto”. Em uma reunião a portas fechadas, o Conselho de Segurança das Nações Unidas debateu a crise na Venezuela, a pedido dos países europeus.

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Mas ficou claro que as divisões persistem – Rússia e a China, apoiadores do regime de Maduro, enfrentando os Estados Unidos, opositores. A Europa insiste em uma solução por meio do Grupo de Contato Internacional (GCI), que reúne países sul-americanos e europeus.

O GCI e os países do Grupo de Lima consideram a possibilidade de convocar uma  reunião conjunta sobre a Venezuela, informou o embaixador do Peru nas Nações Unidas, Gustavo Meza-Cuadra.

Na cidade russa de Sochi, o secretário de estado americano, Mike Pompeo, disse ter pedido a seu colega russo, Sergei Lavrov, para Moscou desistir de seu apoio a Maduro – o que o ministro da Rússia prontamente rejeitou.

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“Chegou a hora de Nicolás Maduro sair. Ele só causou sofrimento ao povo venezuelano, e esperamos que o apoio russo a Maduro acabe”, disse Pompeo à imprensa.

Americanos pró-Maduro

Na embaixada da Venezuela em Washington, os últimos quatro ativistas americanos pró-Maduro que continuam na sede diplomática recusaram-se a deixar o local na segunda-feira e aguardam a entrada da polícia no recinto. As autoridades chegaram a lhes oferecer a oportunidade de deixarem voluntariamente a embaixada, sem a apresentação de acusações formais, mas eles rejeitaram.

Há 34 dias, um grupo de americanos do Coletivo para a Proteção da Embaixada (Embassy Protection Collective) vive na sede, com o consentimento do governo de Nicolás Maduro.

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O objetivo dos ativistas, que denunciam a existência de um projeto de golpe contra Maduro, é impedir a entrada dos representantes de Juan Guaidó no local desde que os últimos diplomatas venezuelanos partiram, em 24 de abril. Francisco Márquez, assessor político da delegação de Guaidó nos Estados Unidos, advertiu que os ativistas cometeram um “crime federal” e que “todo o peso da lei vai recair sobre eles”.

(Com AFP)

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