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Fome e saques se espalham após passagem do tufão Haiyan pelas Filipinas

Autoridades admitem que não têm condições de dar assistência aos sobreviventes

Por Da Redação
10 nov 2013, 15h20

Mais de 48 horas após a passagem do tufão Haiyan pelas Filipinas, a região central do arquipélago – a mais atingida do país – era palco de cenas de terror neste domingo. Atordoados, sobreviventes reviravam, em meio a cadáveres, os escombros do que restou. Houve saques, inclusive com uso de armas. Os veículos que forneciam ajuda eram insuficientes diante do grande número de desabrigados. O tufão atingiu a costa das Filipinas com ventos de 320 quilômetros por hora, com intensidade suficiente para derrubar árvores e casas.

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Nos limites da cidade costeira de Tacloban (220.000 habitantes), uma das mais atingidas, localizada na ilha de Leyte, bairros inteiros foram destruídos por ondas gigantescas e por ventos que ultrapassaram os 300 km/h.

A força dos ventos

Veja como se classificam os ciclones

  • Categoria Velocidade do vento (km/h)
  • Ciclone de categoria 5 ≥ 250
  • Ciclone de categoria 4 210-249
  • Ciclone de categoria 3 178-209
  • Ciclone de categoria 2 154-177
  • Ciclone de categoria 1 119-153
  • Tempestade tropical 63-117
  • Depressão tropical 0-62

Edward Gualberto, um dos moradores do local, se equilibrava sobre cadáveres para vasculhar os escombros de uma casa que desabou. Vestido somente com uma calça vermelha, o pai de quatro crianças e conselheiro local do município pede desculpas por sua aparência e por suas ações. “Eu sou uma pessoa decente. Mas se você não come nada há três dias, é capaz de fazer coisas horríveis para sobreviver”, disse Gualberto, enquanto pegava potes de conserva, em meio às moscas que sobrevoavam os corpos. “Nós não temos nada para comer. Precisamos de água e de outras coisas para sobreviver.”

Após meio dia de buscas, Gualberto tinha nas mãos pacotes de macarrão, latas de cerveja, potes de conservas, biscoitos e balas, além de sabão. “Esse tufão levou toda nossa dignidade. Mas eu ainda tenho minha família e sou muito agradecido por isso”, declara. (Continue lendo)

Saques – Em outras partes da cidade, sobreviventes adotaram estratégias de vida mais agressivas, aproveitando-se da ausência das forças policiais, que quase desapareceram desde a passagem do tufão. Assim como Edward Gualberto, eles dizem não ter comido nada em três dias. As autoridades admitiram sua incapacidade de levar ajuda a quem precisa. Alguns moradores quebraram as poucas vitrines que resistiram aos fortes ventos ou destruíram as grades de proteção de algumas lojas.

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Um açougueiro, desesperado, mostrou um revólver para os saqueadores – que não se preocuparam com a ameaça e continuaram a esvaziar o comércio. O homem levantou a arma para o alto e gritou, em uma tentativa de afastá-los.

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Perto dali, Emma Bermejo, dona de uma pequena confeitaria, disse que o que vê são cenas de anarquia. “Não há ninguém da polícia, e a ajuda demora muito tempo para chegar. As pessoas estão imundas, com fome e sede. Mais alguns dias e vão começar a se matar”, disse a mulher. “É medonho. Primeiro a catástrofe, depois os saques às nossas lojas. Eu entendo que peguem comida e água. Mas aparelhos de televisão? Máquinas de lavar?”

O presidente da Cruz Vermelha Internacional das Filipinas, Richard Gordon, classificou certos saqueadores de gangsteres depois que um comboio da ONG que levava ajuda foi roubado perto de Tacloban. Nas estradas da região, homens, mulheres e crianças caminhavam numa paisagem desoladora. Muitos usavam máscaras no nariz e na boca para não sentir o cheiro dos cadáveres.

Vítimas – As autoridades temem que o número de mortos em Leyte chegue a aproximadamente 10.000, e a 300 na ilha vizinha de Samar, onde mais de 2.000 pessoas são consideradas desaparecidas. Uma equipe de recolhimento dos corpos foi montada, mas os soldados dão sinal de esgotamento. “Temos seis caminhões que passam pela cidade recolhendo os corpos. Não é suficiente”, afirmou o motorista de um dos carros. “Há corpos por todos os lados”. Moradores enviaram cartas aos jornalistas, dirigidas a familiares que moram em outras regiões do país.

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Muitos estão feridos e contam como foram seus momentos de pesadelo. “As ondas não paravam de subir na nossa rua, levando nossas casas”, contou Mirasol Saoyi, uma jovem de 27 anos. “Meu marido nos prendeu um ao outro, mas nós nos separamos. Eu vi muita gente gritar e se afogar. Ainda não encontrei meu marido”.

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(com agência France-Presse)

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