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‘Fênix’: moradores de Beirute orgulham-se de cidade reconstruída 7 vezes

Localizado na região do Crescente Fértil, Líbano abrigou diversos reinos que foram sucessivas vezes conquistados por potências durante sua história

Por Vinicius Novelli Atualizado em 5 ago 2020, 18h09 - Publicado em 5 ago 2020, 17h58

A enorme explosão no porto de Beirute na terça-feira 4 destruiu pelo menos metade da capital libanesa, segundo estimativas do governo. Quem visita a cidade costuma ouvir de seus moradores uma lenda popular, com um fundo histórico, de que a cidade, ao longo de seus 5.000 anos, foi destruída e reerguida pelo menos sete vezes. Para muitos libaneses, desta vez não será diferente.

“Um país de sete mil anos e uma capital que já foi destruída e reconstruída sete vezes”, disse o cônsul honorário do Líbano em Belo Horizonte, Minas Gerais, Edmundo Abi-Ackel, ao jornal O Estado de Minas. 

Nas redes sociais, não é difícil encontrar o dito sendo repetido por internautas. “Os libaneses são conhecidos por encontrar esperança nos tempos mais escuros. Beirute foi reconstruída das cinzas sete vezes”, disse uma usuária no Twitter. “A Fênix se reerguerá novamente”, disse outro em alusão ao mito de um pássaro de fogo que renasce após ter sido consumido pelas chamas.

Localizada na costa do Mar Mediterrâneo, Beirute foi no passado um dos mais importantes pontos comerciais da região. Há registros datados de 2.000 a.C. do Egito antigo que mencionam a cidade. Sua localização privilegiada atraiu a atenção da civilização fenícia, mas foi somente com a destruição do porto e a tomada da cidade pelo Império Romano, que a região ganhou relevância, tornando-se uma colônia no ano 14 a.C.

A segunda destruição veio cinco séculos depois, no ano de 551. Um terremoto seguido por um maremoto devastou a colônia romana. Os otomanos vieram logo depois, em 635, conquistando a cidade e dando início a um governo islâmico. Outros cinco séculos se passaram e a cidade foi conquistada pelos templários durante a Primeira Cruzada, em 1110, porém reconquistada pelos otomanos.

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Nos séculos seguintes, a cidade portuária deixou de ser um pequeno porto no Mar Mediterrâneo para se tornar um dos maiores entrepostos comerciais da região. Mas a paz não seria duradoura. Beirute foi bombardeada durante a guerra entre o Império Russo e a Turquia no século XVI. Após a Primeira Guerra Mundial, já no século XX, o Líbano se transformou um protetorado da França até 1926, quando conquistou sua independência.

Com a criação do Estado de Israel, em 1948, a crescente onda de refugiados palestinos aumentou as tensões entre as comunidades religiosas culminando na Guerra Civil, que perdurou de 1975 até 1990. A destruição causada pelo conflito deixou ao menos 150.000 mortos e resultou em uma das maiores diásporas do país. A reconstrução nas décadas seguintes levou os libaneses a um estado de ânimo em relação à sua nação. Mas em 2006, um novo conflito surgiu, quando Israel devastou o oeste da cidade de Beirute durante a guerra contra o Hezbollah.

“O Líbano é um dos berços das civilizações, localizado na região do Crescente Fértil e que abrigou diversos reinos pequenos que foram sucessivas vezes conquistas por potências do exterior”, afirma a professora da Universidade de São Paulo Arlene Clemesha, especialista em História Árabe. “É bem provável que a cidade de Beirute e seu entorno tenha sido reerguida muitas vezes, talvez até mais que sete”. 

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