FBI investiga membros da Guarda Nacional americana antes da posse
Polícia federal teme que membros da segurança tenham se juntado a vândalos que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro e estejam planejando novo ataque
O FBI vai investigar todas as novas tropas da Guarda Nacional que serão enviadas a Washington, capital dos Estados Unidos, para a posse de Joe Biden. De acordo com a agência de notícias Associated Press (AP), a polícia federal americana teme que membros da segurança nacional possam estar planejando um ataque interno.
Há anos discute-se no país a presença do extremismo e da supremacia branca entre as forças de segurança. A preocupação aumentou ainda mais depois que a polícia e os militares dos Estados Unidos passaram a apurar relatos que indicam que membros de suas instituições estiveram envolvidos na invasão ao Capitólio em 6 de janeiro.
Centenas de pessoas participaram do ataque durante uma sessão para confirmar a vitória do presidente eleito Joe Biden. O episódio foi cercado de violência e deixou ao menos cinco mortos.
As suspeitas se estendem à própria Polícia do Capitólio, a agência que cuida da segurança do prédio. Vários policiais foram suspensos e cerca de uma dúzia estão sendo investigados após relatos de que eles tiraram “selfies” com os invasores e apareceram em vídeos abrindo espaço para eles.
Depois da invasão ao prédio do Congresso, agências de segurança do país reforçaram a presença na capital, para impedir novos ataques extremistas e possíveis atentados durante a posse do novo presidente na quarta-feira, 20. Milhares de soldados da Guarda Nacional já estão na cidade desde a invasão, mas pelo menos mais 25.000 militares estão se deslocando para a capital.
A investigação do FBI começou já na primeira semana do mês, quando as primeiras tropas foram enviadas à capital, mas deve ser reforçada antes da posse. Geralmente, o processo de checagem envolve a análise de todas as listas mantidas pela instituição com nomes de possíveis suspeitos envolvidos com o terrorismo.
O secretário do Exército, Ryan McCarthy, disse à AP neste domingo 17 que o comando militar está ciente da ameaça e que alertou os comandantes a ficarem atentos a quaisquer problemas em suas fileiras. Até agora, no entanto, nenhum problema foi detectado.
Inimigos internos
O temor de que membros das forças de segurança possam estar envolvidos em grupos terroristas é antigo. O FBI publicou um relatório de 2006 sobre grupos de supremacia branca infiltrados entre policiais e, em 2009, o Departamento de Segurança Interna emitiu um alerta sobre infiltrados entre os militares. Ambos os casos foram recebidos com ‘vistas grossas’.
“Negligenciamos essa ameaça por dez anos. Nós a ignoramos, a minimizamos, optamos por não vê-la. Este governo realmente mimou essas pessoas, chamou-as de especiais”, disse Daryl Johnson, ex-líder de uma equipe interna de contraterrorismo no Departamento de Segurança e analista de inteligência entre 2004 e 2010.
Contudo, apesar do problema já existir muito antes de Donald Trump anunciar sua campanha presidencial em 2015, especialistas acreditam que há uma conexão entre sua retórica e o ataque ao Capitólio.
“Ele é diretamente responsável por isso. Ele convidou todos para o Capitólio… e a campanha ‘Pare o Roubo’ (para reverter o resultado da eleição presidencial de novembro) foi uma campanha de desinformação intencional destinada a provocar as pessoas”, disse Lecia Brooks, do Southern Poverty Legal Center, que monitora as atividades de grupos extremistas.
(Com AFP)