Marina Villén.
Cairo, 19 dez (EFE).- Em 2011, o regime sírio de Bashar al Assad respondeu com punho de ferro aos milhares de manifestantes que pedem sua saída do poder, e não se curvou diante da pressão internacional, o que levou o país a um conflito armado.
Os ventos da Primavera Árabe chegaram à Síria com um leve atraso, dois meses após as quedas do presidente tunisiano, Zine el Abidine Ben Ali, e do Egito, Hosni Mubarak.
Os protestos que exigiam a renúncia de Assad foram reprimidos desde o início pelas forças de segurança síria. Segundo números da ONU, mais de cinco mil pessoas já morreram no país desde o início do conflito, em março.
Durante nove meses, houve grandes manifestações nas províncias de Homs, Hama, Idleb e Deraa. A rejeição ao ditador sírio, no entanto, não chegou a Damasco e Aleppo, esta última a segunda maior cidade do país, e onde a classe média se mostrou fiel a um regime que trouxe prosperidade econômica nos últimos anos.
A violência, que no início era voltada apenas aos civis, que fugiram aos milhares para a Turquia e o Líbano, nos últimos meses atingiu também soldados desertores do Exército.
Organizados no ‘Exército Sírio Livre’ (ESL), eles protagonizaram frequentes combates com as tropas regulares e pistoleiros do regime, os ‘shabiha’, principalmente em Homs e Idleb.
Os confrontos aumentaram os temores de uma guerra civil. Recentemente, no entanto, o ESL concordou em parar com seus ataques e apenas usar armas para proteger civis ou se defender.
Este compromisso, que ainda não foi totalmente alcançado, foi estabelecido numa reunião secreta na Turquia com o Conselho Nacional Sírio (CNS), órgão que engloba a oposição a Assad e opta por manter um caráter pacífico.
Desde sua formação, em agosto, o CNS deseja ser reconhecido como representante legítimo do povo sírio. O Conselho pediu que a Liga Árabe e a comunidade internacional aumente a pressão contra o governo do país.
A organização, que reúne diversos países árabes, deu um ultimato para que Assad cumprisse um plano para acabar com a violência no país, e em novembro suspendeu a Síria como membro da Liga. Além disso, impôs várias sanções ao país, que se unem às já praticadas por União Europeia (UE), Estados Unidos e Turquia. Enquanto isso, o regime proíbe a presença da imprensa na Síria, o que impede o mundo de saber exatamente o que se passa no país.
Até o momento, o Conselho de Segurança da ONU não foi capaz de adotar medidas severas contra a Síria, pois Rússia e China, que têm poderes de veto, fora contrários a uma resolução de condenação ao país árabe.
Assad, por sua vez, em um dia acusa a comunidade internacional e terroristas de estarem por trás dos protestos, e no outro, promete reformas políticas.
Na prática, a repressão do governo aumentou nos últimos meses, principalmente em Homs, onde os rebeldes dizem que entre março e outubro pelo menos 1.400 pessoas morreram.
Após as renúncias de Ben Ali e Mubarak, a morte do líbio Muammar Kadafi e a iminente saída do poder do iemenita Ali Abdullah Saleh, Assad pode ser o próximo em cair, mas apesar de seu crescente isolamento, o ditador se mantém no poder, graças às divergências entre os rebeldes e entre a comunidade internacional. EFE