Fachin revoga prisão preventiva de empresário turco acusado de terrorismo
Ministro do STF terá de decidir sobre pedido de extradição apresentado pela Turquia, que responsabiliza o movimento Gülen por tentativa de golpe em 2016
O ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou nesta terça-feira, 7, a prisão preventiva do comerciante turco Ali Sipahi, naturalizado brasileiro e residente há 12 anos no país. Sipahi é alvo de um pedido de extradição do governo de Recep Erdogan, que considera a organização Hizmet, da qual o comerciante é membro, como um grupo terrorista.
O advogado de Sipahi, Theo Dias, afirmou a VEJA ainda não ter recebido o despacho com a decisão de Facchin, que poderão trazer condições para a liberação de seu cliente. Preso desde o último dia 5 na Polícia Federa (PF), em São Paulo, Sipahi deverá ser libertado assim que chegue a comunicação do STF para a PF. “Estamos no aguardo dos despachos”, afirmou Dias.
A decisão de Facchin sobre a extradição ou não do empresário turco não tem prazo definido.
Ali Sipahi, de 31 anos de idade, está estabelecido desde 2007 em São Paulo (SP), onde é dono de um restaurante. Tem um filho nascido no Brasil e, há três anos, naturalizou-se brasileiro. Como empresário, presidiu a Câmara de Comércio e Indústria Turco-Brasileira (CCITB). Foi surpreendido pela ordem de prisão da Polícia Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) quando retornava, com sua família, de viagem de férias aos Estados Unidos.
Polêmico, esse caso de extradição está embasado na qualificação do Hizmet ou movimento Gülen como organização terrorista pelo governo de Erdogan, que o aponta como responsável pela tentativa fracassada de golpe de Estado em em julho de 2016. Sipahi jamais escondeu fazer parte desse grupo. Mas nem mesmo os Estados Unidos e outros países ocidentais aceita os argumentos de Erdogan contra o Hizmet.
Criado pelo clérigo muçulmano Fethullah Gülen, que vive exilado nos Estados Unidos e que condenou o golpe de Estado de 2016, o Hizmet se define como movimento social, educacional e cultural inspirado na tradição humanista do Islamismo.
Desde 2016, porém, seus membros têm sido duramente perseguidos pelo governo de Erdogan dentro e fora da Turquia. Um pedido formal de extradição de Gülen foi enviado por Ancara aos Estados Unidos em agosto de 2016, um mês depois da tentativa de golpe contra Erdogan. Washington jamais tocou no clérigo, em clara desconsideração do argumento de que o movimento Hizmet tem motivação terrorista.