Cairo, 31 jan (EFE).- As tropas leais ao presidente sírio, Bashar al Assad, reforçaram nesta terça-feira seus efetivos de segurança nos arredores de Damasco, onde aumentaram a repressão aos rebeldes, denunciaram os grupos opositores.
Localidades como Arbin, Guta Este e Samalka, nas proximidades da capital, são alvos de ataques dos seguidores do regime, que nesta segunda-feira recuperaram o controle da região após confrontos com militares desertores do Exército Livre Sírio (ELS).
A Comissão Geral da Revolução Síria denunciou que as forças de segurança dispararam indiscriminadamente contra várias casas em Samalka, enquanto Arbin é alvo dos bombardeios das forças armadas, que prenderam dezenas de pessoas.
Uma ativista que pediu para não ser identificada confirmou as informações e disse que tanques do exército chegaram até Arbin, Samalka e Guta Este, onde se escutaram explosões e bombardeios.
Em Guta Este, que está cercada há quatro dias, a presença das forças de segurança é maior do que nunca, segundo os opositores Comitês de Coordenação Local (CCL), que denunciaram que nos últimos dias pelo menos 39 pessoas morreram na região, de onde muitos moradores estão fugindo.
Os Comitês acusaram forças pró-governo de praticar represálias contra algumas famílias, que tiveram casas e lojas destruídas e saqueadas. Além disso, serviços básicos como eletricidade, água e as comunicações foram cortados em Guta Este.
Nesta segunda-feira, o governo sírio anunciou que suas forças tinham recuperado o controle total da periferia de Damasco e prometeu que continuaria a luta contra os ‘grupos terroristas’.
Em comunicado, o Ministério do Interior afirmou que seus soldados realizaram ‘nos três últimos dias operações em Duma, Harasta, Saqba, Hamoria e Kfar Batna, nas quais perseguiram elementos de grupos terroristas armados que cometeram assassinatos e sequestros e instalaram minas nas estradas’.
O número 2 do ELS, Malik Kurdi, que está na Turquia, explicou à Agência Efe que os desertores avançam e recuam taticamente nos arredores de Damasco, que estão sob controle de soldados do regime.
Kurdi, que classificou o conflito de uma ‘guerra de guerrilhas’, revelou ontem o ELS destruiu vários veículos blindados do exército sírio nos arredores da capital, na província central de Homs e em Idleb.
Enquanto isso, está previsto para esta terça-feira que o Conselho de Segurança da ONU aborde a situação dos direitos humanos na Síria com um projeto proposto pelo Marrocos que pede a saída do poder de Assad. O acordo conta com a rejeição da Rússia, tradicional aliada de Damasco.
A proposta marroquina tem como objetivo acabar com a violência na Síria e é baseada no plano de paz sugerido pela Liga Árabe. A iniciativa estipula, entre outras medidas, a transferência de poder para o vice-presidente e a formação de um governo de coalizão.
A Rússia, membro permanente e com poder de veto no Conselho de Segurança, rejeita esse projeto pois considera que a proposta tem ‘pontos inaceitáveis, como impor um desenlace ao diálogo político quando este nem sequer começou’, segundo o embaixador russo Vitaly Churkin.
Enquanto isso, alguns grupos opositores sírios declararam um dia de luto pela centena de pessoas que morreram no país ontem vítimas da repressão das forças de segurança.
O maior número de vítimas foi registrado em Homs, onde 76 pessoas perderam a vida, embora em Deraa, Idleb e nos arredores de Damasco outras pessoas também morreram. EFE