Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Exército sírio ataca nova localidade enquanto observadores chegam a Treimsa

Por Da Redação
14 jul 2012, 14h00

Centenas de soldados invadiram neste sábado uma localidade do sul da Síria, enquanto os observadores da ONU visitavam Treimsa (centro) para investigar as circunstâncias da morte de mais de 150 pessoas na quinta-feira.

Dois dias depois da tragédia de Treimsa, que a oposição e parte da comunidade internacional classificaram de “massacre”, lançando fortes condenações, um comboio de 11 veículos da ONU chegou ao local, anunciou a porta-voz dos observadores, Sausan Ghosheh.

De acordo com um militante de Hama (centro), o grupo se reuniu neste sábado com moradores da localidade e “inspecionou os locais atacados e construções cobertas de sangue”. Uma primeira patrulha chegou ao lugar na sexta-feira para verificar se a localidade estava acessível, indicou Ghosheh.

Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), mais de 150 pessoas foram mortas na quinta-feira durante bombardeios e combates em Treimsa, incluindo dezenas de rebeldes.

Continua após a publicidade

O governo, que explicou na sexta-feira que havia realizado em Treimsa uma operação bem sucedida contra “terroristas”, parecia neste sábado mais do que nunca determinado a esmagar os redutos rebeldes, em particular na província de Deraa (sul), berço da contestação iniciada há cerca de 16 meses.

Nesta região, helicópteros militares bombardearam Khirbet Ghazalé, antes que tanques e centenas de soldados ocupassem a cidade abrindo caminho para as ações de milícias pró-regime, que saquearam e incendiaram casas abandonadas por seus moradores, segundo o OSDH e um militante no local.

“O Exército entrou sem resistência”, pois os rebeldes do Exército Sírio Livre (ESL, composto essencialmente de desertores) tinham deixado a cidade antes da invasão, afirmou o militante que atendeu pelo nome de Bayane Ahmad, indicando “dezenas de feridos” e a falta total de assistência médica.

Continua após a publicidade

Em todo o país, a repressão e os combates deixaram pelo menos 28 mortos neste sábado. Na sexta-feira, os atos de violência haviam tirado a vida de pelos menos 118 pessoas, em sua maioria civis, de acordo com o OSDH, que se baseia em uma rede de militantes e testemunhas.

Combates entre rebeldes e soldados apoiados por milicianos fiéis a Damasco deixaram pelo menos 10 mortos e 15 feridos neste sábado de manhã do lado insurgente próximo à fronteira turca, segundo um jornalista da AFP no local.

Em reação ao “massacre” de Treimsa, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, denunciou “uma escalada escandalosa” e considerou que a incapacidade do Conselho de Segurança de pressionar o presidente Bashar al-Assad equivalia, para ele, a conceder “uma licença para massacrar” ao governo sírio.

Continua após a publicidade

O bloqueio persiste entre os países ocidentais e a Rússia, principal aliada do regime, com as duas partes apresentando dois projetos de resolução divergentes no Conselho de Segurança, um ameaçando Damasco com sanções e outro que não menciona punições.

O presidente francês, François Hollande, denunciou o bloqueio da China e da Rússia, declarando que respeita as motivações “comerciais, históricas” de Moscou e assegurando que “ainda é tempo” de evitar “uma guerra civil” na Síria.

O emissário internacional para a Síria, Kofi Annan, considerou que Damasco havia “desacatado” as resoluções da ONU ao utilizar armas pesadas em Treimsa.

Continua após a publicidade

Como parte de sua missão, Annan deve visitar Moscou na segunda-feira, após recentes visitas a Damasco e a Teerã.

O mediador é cada vez mais criticado pela oposição, já que seu plano de paz em vigor há três meses não tem surtido efeito algum no terreno. Na sexta-feira, os manifestantes na Síria o chamaram de “serviçal de Assad e do Irã”.

Os Estados Unidos se referiram a uma visão “de pesadelo” e pediram que o Conselho de Segurança pressione “em favor de um cessar-fogo imediato e de uma transição política”.

Continua após a publicidade

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, denunciou um “massacre desumano” em Treimsa, ressaltando que “cedo ou tarde” o regime deve cair, enquanto que seu homólogo iraquiano Nuri al-Maliki condenou “com veemência” o “terrível massacre”, reiterando o seu apelo por uma solução pacífica.

Nawaf Fares, o embaixador sírio no Iraque que desertou recentemente, criticou a posição “contraditória” de Maliki, que apoia Damasco depois de Assad ter “matado milhares de pessoas” no Iraque ao abrir as fronteiras de seu país à Al-Qaeda.

Teerã, o maior aliado regional de Damasco, renovou neste sábado a sua oferta de mediação entre o governo e a oposição na Síria e pediu que se evite que a crise síria crie “rapidamente um efeito bola de neve em toda a região”.

Segundo o OSDH, mais de 17.000 pessoas morreram desde o início, em meados de março de 2011, de uma revolta popular que se militarizou com o passar dos meses frente à repressão brutal levada a cabo pelo governo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.