‘Exército russo será aniquilado se houver uso de armas nucleares’, diz UE
Fala foi dita pelo chefe de política externa do bloco, Josep Borrell, que afirmou que a União Europeia está preparada para todos os cenários possíveis
O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, disse nesta quinta-feira, 13, que um ataque nuclear da Rússia contra a Ucrânia irá desencadear uma resposta tão poderosa do Ocidente que faria com que o Exército russo fosse aniquilado.
A fala de Borrell é uma resposta direta à ameaça velada do presidente Vladimir Putin, que disse que poderia usar armas nucleares para mudar o curso da guerra na Ucrânia, durante discurso à nação no final de setembro. Segundo Putin, a Rússia teria vários meios de destruição à disposição para defender sua integridade territorial.
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“Existe a ameaça nuclear, e ele está dizendo que não está blefando. Bem, ele não pode se dar ao luxo de blefar. Tem que ficar claro que as pessoas que apoiam a Ucrânia, a União Europeia e os Estados membros, e os Estados Unidos e a Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] também não estão blefando”, disse Borrell em evento da Academia Diplomática Europeia.
O político completou ainda que qualquer ataque nuclear contra a Ucrânia criará uma resposta – não nuclear, mas uma resposta tão poderosa quanto – e que o Exército russo será aniquilado. Para ele, o mundo vive um momento sério e sombrio da história que traz enorme incerteza e instabilidade política global depois da invasão à Ucrânia.
“Estamos definitivamente fora do pós-Guerra Fria. Esse período terminou com o início da guerra ucraniana, com a agressão russa contra a Ucrânia”, disse ele.
Borrell aproveitou a oportunidade para exaltar sua visão eurocêntrica, afirmando que a Europa é como um “jardim” de liberdade política e prosperidade econômica, enquanto os outros países são como uma “selva”.
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Ao ser questionado sobre uma possível ameaça nuclear, um porta-voz da Comissão Europeia disse que um ataque deste tipo causaria uma “mudança total no jogo” e que os países do bloco europeu estão preparados para qualquer cenário possível.
Na segunda-feira 10, Borrell também declarou que a “era de dependências” da União Europeia acabou. Ele falou também de um mundo sob uma “multipolaridade confusa”, estruturada em torno da competição EUA-China, que coexiste dentro de uma divisão mais ampla entre democracias e regimes autoritários.
“Do nosso lado, há muitos regimes autoritários. Não podemos dizer ‘nós somos as democracias’, e os que nos seguem também são democracias – isso não é verdade”, disse ele.
Por fim, o chefe de política externa da União Europeia concedeu que os países membros não acreditavam que a Rússia lançaria a invasão em grande escala, apesar das repetidas advertências de autoridades americanas, e reclamou da lentidão dos governos do continente em relatarem seus desenvolvimentos.
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“Às vezes, eu sabia mais sobre o que estava acontecendo em algum lugar lendo os jornais do que lendo seus relatórios. Seus relatórios às vezes chegam tarde demais”, disse ele aos embaixadores presentes.