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Ex-presidente do Iraque, curdo Jalal Talabani morre, aos 83 anos

Um dos maiores líderes da causa curda no Iraque e primeiro presidente não árabe do país, Talabani estava em Berlim para tratamento médico

Por Gustavo Silva
Atualizado em 3 out 2017, 19h22 - Publicado em 3 out 2017, 13h37

Jalal Talabani, ex-presidente do Iraque e uma das maiores lideranças curdas do país, morreu nesta terça-feira, aos 83 anos, em um hospital em Berlim, segundo divulgado pela imprensa local. Talabani sofreu um acidente vascular cerebral em 2012 e deixou a Presidência iraquiana em 2014. Ele foi o primeiro político não árabe a ocupar o cargo na história do país.

Nascido em 1933, Talabani fez parte da luta pela autonomia dos curdos no Iraque desde a adolescência, quando era filiado ao Partido Democrático do Curdistão (KDP). Em 1975, ele deixou a filiação para criar a própria legenda, a União Patriótica do Curdistão (PUK), uma das principais forças rivais do partido do atual presidente curdo, Massoud Barzani, do KDP.

Com a queda do regime de Saddam Hussein após a invasão americana ao Iraque em 2003, Talabani integrou o governo de transição do país, e, em 2005, foi eleito para o primeiro de três mandatos como presidente do Iraque – um cargo simbólico que um acordo entre partidos em Bagdá determina que deve ser ocupado por um político curdo. Desde 2014, a cadeira é ocupada por Fuad Masum, veterano da causa curda e um dos fundadores da PUK ao lado de Talabani.

Antes da realização do referendo no Curdistão iraquiano, Barzani disse em comício em Sulaymaniyah, principal bastião eleitoral da PUK, que a missão dos curdos na busca pela independência seria mais fácil se o rival político estivesse em um estado de saúde melhor. Hero Ibrahim Ahmed, esposa de Talabani, acompanhou o presidente curdo em apoio ao pleito. Um dos filhos do casal, Qubad, é o vice-primeiro-ministro do governo do Curdistão.

Eleições

Na esteira dos resultados do referendo de independência e da morte de Talabani, o Governo Regional do Curdistão anunciou que vai convocar eleições presidenciais e parlamentares para o dia 1º de novembro. A informação foi divulgada pela Reuters, que cita a rede de notícias curda Rudaw TV. O pleito é visto como uma maneira de fortalecer as discussões sobre a separação da região do Iraque, de acordo com o resultado da consulta.

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O presidente turco Recep Erdogan anunciou, em discurso ao Parlamento nesta terça-feira, que a Turquia estuda impor novas sanções aos curdos do Iraque caso as lideranças da região “não caiam em si”. Sobre o referendo, condenado por Ancara, Erdogan disse que foi “uma nova tentativa de atacar o coração da nossa região com um punhal”.

Tensões em Bagdá

A sessão parlamentar em Bagdá nesta terça-feira não contou com a presença de deputados curdos. Segundo a agência de notícias Associated Press, a medida foi tomada pelos próprios representantes curdos, em boicote às medidas contra o referendo de independência desejadas por Bagdá 

Por sua vez, a rede de notícias local Kurdistan 24 alega que os iraquianos impediram que os membros de partidos do Curdistão entrassem no Parlamento para participar da sessão. O site mostra que apenas 175 dos 328 deputados que compõem a Casa estiveram presentes.

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