Ex-presidente da Pemex tem prisão decretada no caso Odebrecht
Emilio Lozoya teria montado um esquema de corrupção com Alonso Ancira, dono de uma siderúrgica, que desviou 500 milhões de dólares
A Justiça do México decretou a prisão do ex-presidente da petrolífera estatal Pemex Emilio Lozoya por suposto esquema de corrupção que envolveria a empreiteira brasileira Odebrecht. Nesta quarta-feira, porém, suspendeu sua captura até o dia 4 de junho. Vinculado ao mesmo escândalo, o presidente da siderúrgica Altos Hornos de México (AHMSA), Alonso Ancira, foi efetivamente preso pela Interpol em Maiorca, na Espanha.
O esquema teria desviado 500 milhões de dólares. A investigação é a primeira de alto escalão instaurada pelo governo de esquerda de Andrés Manuel López Obrador, que tomou posse em dezembro passado com a promessa de acabar com a corrupção na segunda maior economia da América Latina, segundo a EBC.
O chefe da Unidade de Inteligência Financeira (UIF) da Secretaria da Fazenda, Santiago Nieto, disse ter apresentado três acusações à Procuradoria-Geral contra Emilio Lozoya, que está foragido. O escândalo envolve a operação de compra da empresa Agronitrogenados da AHMSA pela Pemex e também as transferências de dinheiro da siderúrgica para uma offshore da Odebrecht que, por sua vez, teria movimentado os recursos para contas de Lozoya e seus familiares.
Em seu relatório ao Ministério Público, a UIF informou que foram identificados nos sistemas financeiro nacional e internacional “múltiplas operações com recursos supostamente não procedentes de atividades lícitas, aos que se presumem ser derivados de atos de corrupção”.
Desde segunda-feira 27, as contas bancárias de Lozoya e Alonso Ancira estão bloqueadas, a pedido da Procuradoria-Geral mexicana.
Lozoya comandara a Pemex entre 2012 e 2016. Nesta quarta-feira, seu advogado de defesa, Javier Coello, tramitou um recurso para saber a real motivação de sua detenção.
Na Espanha, seu parceiro Ancira acusou o presidente do México de orquestrar uma “vendetta” (vingança, em italiano). O Ministério Público mexicano, porém, constatara que Ancira estava envolvido em “uma série de delitos que motivaram um grave dano patrimonial” à Pemex.
Em comunicado, o gabinete do Ministério Público acrescentou que pode haver mais detenções, como resultado de mais de dois meses de diligências. Consultada, a Odebrecht não negou ter participado das ações investigadas pela Unidade de Inteligência Financeira da Secretaria da Fazenda. Em sua nota à imprensa, a empresa “reitera seu compromisso de atuação ética, íntegra e transparente também no México”. Também “reafirma sua total disposição em colaborar de forma eficaz com as autoridades do país, conforme já manifestado desde o início de 2017 e ratificado formalmente em fevereiro deste ano perante” a Procuradoria- Geral mexicana.