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Evita foi submetida a lobotomia antes de morrer, diz estudo

Conclusão é baseada em relato do médico George Udvarhely e radiografias

Por Da Redação
23 dez 2011, 16h23

A ex-primeira dama da Argentina Eva Perón, a Evita, passou por uma lobotomia – retirada de partes do cérebro – poucos meses antes de morrer, em 1952, segundo um artigo publicado na revista World Neurosurgery. Entitulado “Nova evidência de lobotomia pré-frontal nos últimos meses de enfermidade de Eva Perón”, o texto é assinado pelo argentino Daniel Nijensohn, neurocirurgião da Universidade de Yale, nos Estados Unidos.

O estudo foi baseado em declarações feitas em 2005 pelo médico húngaro George Udvarhely, relatos orais e escritos obtidos na Argentina e radiografias. Além disso, a lobotomia pré-frontal era um tratamento cirúrgico aceito na época – durante muitos anos, o procedimento foi usado para tratar quadros de esquizofrenia.

No caso de Evita, Udvarhely, que assegurou ter tratado a mulher do ex-presidente Juan Domingo Perón, afirmou que a lobotomia tinha como objetivo aliviar a dor provocada pelo câncer terminal de que ela sofria. “Com base em nossas evidências, que concordam com as declarações feitas pelo doutor George Udvarhelyu, um distinto neurocirurgião que morreu em junho de 2010, ela foi submetida a uma lobotomia pré-frontal nos últimos meses de enfermidade em 1952”, diz o artigo em suas conclusões.

Eva Perón sofria de “dores intratáveis e crescente ansiedade, agitação e agressividade” pelo câncer que provocou sua morte aos 33 anos, afirmam Nijensohn e seus colaboradores. “Esse procedimento cirúrgico ultrassecreto, então aceito como um tratamento para esse quadro clínico, poderia ter sido realizado em Buenos Aires, por neurocirurgiões muito qualificados próximos ao presidente Juan Perón”, acrescentam.

Segundo os pesquisadores, as evidências sugerem a participação do médico James L. Poppen, um famoso neurocirurgião da cidade americana de Boston. “A natureza sensível da operação e suas implicações políticas e emocionais ainda são importantes hoje em dia e potencialmente incendiárias, apesar do tempo que passou”, destacam os autores do artículo em sua conclusão.

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Ordens presidenciais – Reforçando as declarações de Udvarhelyi, entrevistas com pessoas próximas à Evita feitas por historiadores revelaram um “quadro clínico compatível com os efeitos colaterais desse tipo de intervenção”. Comentários do cirurgião Ricardo Finochietto, líder do corpo médico que assistiu Evita Perón, “ratificam a prática de um procedimento de neurocirurgia”, diz o artigo, acrescentando que “as ordens e instruções do presidente Perón à equipe médica também sustentam essa afirmação”.

Além disso, os pesquisadores efetuaram uma revisão das radiografias do crânio da ex-primeira-dama, que mostram descobertas compatíveis com trepanações (abertura de buracos no crânio). Na pesquisa de Nijensohn participaram neurocirurgiões e médicos da Universidade Nacional de Cuyo, na província argentina de Mendoza, do hospital Rawsson e Santorio Güemes, em Buenos Aires, e da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Figura mítica na Argentina, Eva Perón é considerada a “mãe” do movimento peronista e uma das personalidades mais importantes e controversas da história política argentina. Por sua popularidade, chegou a ser cogitada para o cargo de vice-presidente no segundo mandato de Perón, que começou em 1952, mas setores militares e empresariais persuadiram o general a escolher outro companheiro de chapa.

(Com agência France-Presse)

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