EUA: situação na Síria é uma ‘afronta à dignidade humana’
Em Assembleia da ONU, Kofi Annan também condenou a repressão do regime
A Casa Branca condenou nesta quinta-feira o novo massacre “revoltante” cometido na província de Hama, na Síria, e o bloqueio das investigações da ONU por parte das autoridades de Damasco, considerando que tal atitude é uma “afronta à dignidade humana”.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março de 2011 para protestar contra o regime de Bashar Assad.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram milhares de pessoas no país.
- • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.
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“Os Estados Unidos condenam nos termos mais fortes os ataques mortais revoltantes contra civis”, afirmou o porta-voz do presidente Barack Obama, Jay Carney. “Isso, e a recusa do governo sírio em deixar os observadores da ONU entrar na área para verificar essas informações, constituem uma afronta à dignidade humana e à justiça”, acrescentou Carney em um comunicado.
Massacre – Na quarta-feira, os grupos opositores sírios denunciaram que várias dezenas de pessoas morreram em Al Qubeir em um novo massacre feito pelas forças leais ao ditador Bashar Assad. A oposição fala em cem mortos no atentado, mas o regime sírio nega qualquer envolvimento. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) calcula que pelo menos 55 pessoas foram mortas, incluindo 18 mulheres e crianças.
Ao tentar acesso ao local do massacre nesta quinta, os observadores da ONU mobilizados na Síria foram recebidos a tiro e tiveram de enfrentar uma série de bloqueios. A informação foi confirmada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que classificou a última matança de “chocante e inadmissível”. Uma fonte da organização disse que os observadores seguiram para Morek, e que na sexta-feira devem tentar novamente entrar em Al Qubeir, a 40 quilômetros de distância.
ONU – O enviado da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, também expressou seu horror e condenou o novo massacre registrado neste país, pedindo novamente uma ação internacional para pôr fim à violência. O ex-chefe da ONU disse à Assembleia Geral que a crise na Síria se agrava e advertiu que, se não for feita uma mudança radical, “é provável que o futuro seja de repressão brutal, massacres, violência sectária e, inclusive, de uma guerra civil aberta”.
A audiência na ONU foi dominada por relatórios sobre o massacre em Hama. “Devemos ter vontade e chegar a acordos para atuar, e atuar unidos”, disse. “As ações individuais ou as intervenções não resolverão a crise. Quando pedimos respeito à lei internacional e ao plano de seis pontos, devemos deixar claro que haverá consequências se não forem cumpridos”.
(Com agência France-Presse)