A Casa Branca avaliou nesta terça-feira que a Síria desrespeitou as exigências da Liga Árabe e que “já é tempo” de que o Conselho de Segurança atue para “aumentar a pressão” sobre o regime de Damasco.
“Dissemos claramente que se a iniciativa da Liga Árabe não fosse aplicada, a comunidade internacional deveria examinar novas medidas para obrigar o regime a deter a violência contra seus cidadãos”, disse o porta-voz do presidente Barack Obama, Jay Carney, durante entrevista coletiva.
Mencionando “tiros de franco-atiradores, torturas e assassinatos na Síria”, Carney concluiu que “é evidente que as exigências (da Liga Árabe) não foram respeitadas” pelo regime do presidente Bashar al-Assad.
“Continuaremos trabalhando com nossos parceiros internacionais. Pensamos que já é tempo de que o Conselho de Segurança aja. Queremos que a comunidade internacional mostre solidariedade para apoiar as aspirações legítimas dos sírios”, destacou.
Estas declarações americanas foram feitas em meio a uma controvérsia, nesta terça-feira, sobre a missão dos observadores árabes enviados à Síria para tentar deter a repressão.
Segundo os Comitês Locais de Coordenação, que organizam as manifestações, 390 pessoas morreram desde que os observadores iniciaram sua missão, em 26 de dezembro. O secretário-geral da Liga, Nabil al-Arabi, admitiu que continuam os disparos contra manifestantes opositores.
Mais cedo, o presidente do Conselho Nacional Sírio (CNS), principal movimento de oposição ao regime de Damasco, afirmou que a missão de observadores árabes “continua sendo útil”, embora tenha considerado que deveria levar à aplicação do plano da organização.
“Consideramos que esta missão continua sendo útil, mesmo se não terminar com a aplicação do plano árabe. Continua sendo útil política, moral e psicologicamente”, declarou o encarregado do CNS, Burhan Ghaliun, após entrevista com o ministro português das Relações Exteriores, Paulo Portas.
“Mesmo que a Liga Árabe não faça muitas ilusões sobre a capacidade do regime sírio para satisfazer seus compromissos. Mas pensamos que é preciso passar por esta etapa para revelar a realidade da situação e aportar uma prova do que acontece na Síria é uma revolução da população pacífica que pede ao governo que responda às aspirações de liberdade”, explicou Ghaliun.
Em Damasco, os militantes que pedem mais democracia denunciaram nesta terça-feira a “falta de profissionalismo” dos observadores da Liga Árabe enviados à Síria para tentar fazer cessar a violência. O secretário geral da Liga Árabe admitiu que os disparos contra os manifestantes continuavam.
O ministro francês de Relações Exteriores, Alain Juppé, que deve chegar na quarta-feira a Lisboa, avaliou que “as condições nas quais esta missão dos observadores se desenvolve merecem ser esclarecidas”.