A maioria republicana de um comitê legislativo americano aprovou nesta quarta-feira uma moção de censura contra o secretário de Justiça, Eric Holder, pela operação que permitiu o tráfico de armas para o México, um desafio para o governo de Barack Obama, em pleno ano eleitoral.
A moção, aprovada por 27 votos a 17 no Comitê de Supervisão e Reforma, que investiga a operação Rápido e Furioso, alega que o secretário não entregou ao Congresso documentos-chave para determinar responsabilidades no governo Obama.
A moção foi enviada ao plenário da Câmara dos Representantes no encerramento de uma sessão de mais de quatro horas, realizada apesar de o presidente Obama ter invocado durante o dia privilégios do Executivo para justificar a recusa do Departamento de Justiça a entregar os documentos.
A votação no plenário acontecerá na semana que vem, a menos que Holder entregue os documentos sobre a operação que permitiu a entrada de mais de 2 mil armas no México entre 2009 e 2010, assinalou o presidente da Câmara dos Representantes, John Boehner.
Esta é a primeira vez que um secretário de Justiça é declarado em desobediência desde 1998, sendo que, naquela oportunidade, a moção não chegou a ser votada no plenário da Câmara.
Holder classificou a medida como “uma tática em ano eleitoral, para desviar a atenção. Qualquer afirmação de que o Departamento de Justiça não respondeu aos pedidos de informação é falsa”, afirmou o secretário, que depôs até nove vezes no Congresso e entregou ao comitê quase 8 mil documentos.
“A entrega desses documentos sob pressão ao Congresso teria consequências significativas e desastrosas”, assinalou o subsecretário James Cole, ao anunciar que Obama invocava seus privilégios para proteger os documentos.
Esta foi a primeira vez que Obama tomou tal medida dentro de uma investigação do Congresso. Seu antecessor, George W. Bush, o fez em seis oportunidades.
A intervenção do presidente na disputa irritou líderes republicanos. “Invocar privilégios legislativos gera perguntas imensas”, comentou o senador Charles Grassley. “Essa atitude sugere que o papel da Casa Branca na operação foi maior do que o conhecido até agora”, disse o chefe do comitê que aprovou a moção, o republicano Darrell Issa.
“Precisamos de respostas agora, não depois”, reclamou Issa durante a sessão, em que os republicanos pressionaram Holder, chegando, inclusive, a pedir a sua renúncia.
Os democratas defenderam o secretário e denunciaram uma “caça às bruxas” com fins políticos, a cinco meses das eleições em que Obama buscará renovar seu mandato.
Tanto Obama, que admitiu que a operação estava “cheia de erros”, quanto Holder dizem que a desconheciam até o escândalo vir à tona, enquanto o Departamento de Justiça realiza uma investigação interna.