EUA adiam lançamento de míssil para evitar tensões com a China
Nesta quinta-feira, Pequim enviou dezenas de aviões e disparou mísseis reais em treinamentos militares próximo a Taiwan
O governo dos Estados Unidos optou por adiar um teste que já estava planejado de um míssil balístico intercontinental para evitar o aumento das tensões com a China, que já estão altas devido à visita da presidente da Câmara, Nancy Pelosi, a Taiwan nesta semana. A informação foi confirmada pelo porta-voz de segurança nacional do país, John Kirby, nesta quinta-feira, 4.
Em resposta à ida de Pelosi, Pequim enviou dezenas de aviões e disparou mísseis reais em treinamento militares próximo à ilha nesta quinta, considerados “exagerados” pela Casa Branca. O Partido Comunista Chinês considera Taiwan parte de seu território por direito e nunca renunciou ao uso da força para colocá-la sob seu controle.
Pelosi chegou a Taipei na noite de terça-feira 2, sob intenso escrutínio global. Ela conheceu a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, bem como outros líderes políticos e empresariais e dissidentes. A líder da Câmara disse que a solidariedade dos Estados Unidos com Taiwan é “crucial” para enfrentar uma China cada vez mais autoritária.
O governo da China reagiu com fúria à visita desde que o plano vazou algumas semanas atrás. Pequim alertou sobre contramedidas – uma ameaça frequentemente ouvida em resposta a atos estrangeiros de apoio a Taiwan, mas que gerou níveis mais altos do que o normal de preocupação dos observadores da China.
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Em entrevista, Kirby disse que o adiamento é uma forma de mostrar aos chineses que os Estados Unidos “falam sério quando dizem que não têm o objetivo de intensificar as tensões”. O governo de Biden tem se esforçado para mostrar que a visita de Pelosi foi feita de maneira independente pela democrata e que não significa uma afronta por parte do presidente.
De acordo com o jornal The Wall Street Journal, o lançamento do míssil Minutemen III deveria acontecer ainda nesta semana na Califórnia. No entanto, a Força Aérea achou melhor adiar o teste para evitar um desgaste ainda maior com os chineses. Esta, inclusive, não é a primeira vez que isso acontece. No começo do ano, dois testes do mesmo míssil foram adiados depois que a Rússia colocou suas forças de dissuasão nuclear em alerta máximo.
Sob Xi Jinping, o líder mais poderoso da China em décadas, Pequim tomou ações militares mais agressivas na região e aumentou a presença no estreito que separa Taiwan da China continental, uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo.
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Nesta quinta-feira, Exército de Libertação Popular da China iniciou exercícios militares ao redor de Taiwan, incluindo disparos reais nas águas e no espaço aéreo ao redor da ilha. Os exercícios, distribuídos em sete locais diferentes, devem terminar apenas no domingo. Segundo o Ministério da Defesa de Taiwan, os exercícios militares chineses desafiam a lei internacional e equivalem a um bloqueio de seu espaço marítimo e aéreo. Voos e navios ainda podiam chegar a Taiwan, mas teriam sido aconselhados a encontrar rotas alternativas.