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Estudo global mostra que perseguição religiosa aumentou

De modo geral, os governos são os maiores responsáveis pelas violações de liberdade religiosa no mundo

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 nov 2016, 13h55

Em abril deste ano, uma adolescente da etnia yazidi falou ao Parlamento britânico sobre os horrores da perseguição praticada pelo Estado Islâmico (EI) contra seu povo no Iraque. Ekhlas foi uma das jovens raptadas pelos extremistas islâmicos de sua cidade, Sinjar, e foi encarcerada e violada diversas vezes. A menina contou aos deputados como viu seu pai e seu irmão serem assassinados brutalmente na sua frente e como escapou por pouco da situação de encarceramento em que foi mantida.

A perseguição dos terroristas do EI contra os yazidi no Iraque se converteu em assassinatos em massa, raptos, tortura, violações sexuais e destruição de locais de culto nos últimos anos. A violência dos jihadistas também provoca o êxodo em massa de cristãos, yazidis, mandeanos e outras comunidades minoritárias. O Iraque é um dos 23 países classificados pelo Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) como locais em que a perseguição religiosa atingiu seu nível máximo.

A 13ª edição do estudo analisou 196 países desde junho de 2014 e concluiu que pelo menos 38 destes revelaram provas inequívocas de violações significativas da liberdade religiosa. Nesses locais, foram relatados casos de perseguição ou discriminação cometidos tanto por grupos religiosos extremistas ou outras organizações privadas, como pelo próprio Estado. No Mianmar, por exemplo, 66 igrejas foram destruídas pelo exército local desde 2011.

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Segundo John Pontifex, editor chefe do Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo, de modo geral, os governos são os maiores responsáveis pelas violações de liberdade religiosa. No entanto, nos últimos anos, notou-se uma evidente escalada dos problemas causados por atores não-estatais, principalmente grupos extremistas islâmicos. “Atos de genocídio contra grupos minoritários foram cometidos pelos extremistas islâmicos na Síria, no Iraque e na Nigéria”, afirma Pontifex.

O relatório também concluiu que a comunidade religiosa que mais sofre perseguição ou discriminação no mundo é a de cristãos. Mas, o editor do estudo atenta para um fator importante sobre esse levantamento: os seguidores do cristianismo são mais numerosos e estão espalhados por todo o mundo, tornando os casos de intolerância numericamente mais expressivos. “Comunidades menores, que estão restritas a áreas específicas, sofrem perseguição em níveis muito mais severos, mas que não se mostram numericamente ou no número de pessoas atingidas”, explica Pontifex.

A intolerância religiosa também é um dos principais fatores que contribuem para a atual crise de refugiados mundial. Entre os quatro maiores geradores de refugiados atualmente – Síria, Afeganistão, Somália e Sudão do Sul, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) – três são dominados pelo extremismo religioso. Muitas pessoas deixam seus países especificamente por causa da perseguição, mas a maior parte foge da violência, instabilidade política e pobreza, “dos quais o extremismo religioso foi causa, sintoma ou consequência; ou os três em simultâneo”, aponta o estudo.

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Brasil – O relatório estudou casos de discriminação religiosa no Brasil e aponta que a ameaça à liberdade religiosa não é tão severa em nosso país, já que a vasta maioria da população é de cristãos. O documento chama a atenção para casos pontuais de intolerância contra praticantes de religiões afro-brasileiras. Mesmo assim, o editor do estudo exalta os esforços desempenhados pelo governo local em dar relevância ao tema e colocar programas de combate à intolerância em prática.

Eleições americanas – Casos de perseguição e intolerância religiosa ganharam destaque especial da imprensa internacional nas últimas semanas após a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos. O republicano é acusado de descriminação contra a comunidade muçulmana e sua vitória despertou casos de ódio religioso no país. “Está na hora de Trump reconhecer a liberdade religiosa como um direito humano esquecido e desempenhar um papel de liderança para repensar a abordagem desse assunto”, diz John Pontifex. “Nós imploramos para que leve essa luta a sério.”

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