Estudantes chilenos acusam governo de romper diálogo
Após rejeitar proposta de atendimento parcial das exigências, negociação para
O impasse entre estudantes e governo chileno está ainda longe de uma resolução. Nesta sexta-feira, os universitários rejeitaram a proposta de atendimento parcial de suas exigências para instaurar uma mesa de negociação. Eles ainda acusaram o governo de acabar com qualquer possibilidade de diálogo.
Entenda o caso
- • Em maio, estudantes chilenos tomaram as ruas do país para protestar contra a má qualidade do ensino – e as manifestações seguem ocorrendo quase que diariamente.
- • Entre as reivindicações, das quais recebem apoio da maioria da população, exigem principalmente educação gratuita.
- • Em resposta, o presidente, Sebastián Piñera, lançou um plano de reforma para o setor, que amplia bolsas de estudos e créditos a taxas baixas a alunos pobres, mas a proposta não foi bem recebida.
- • No dia 26 de agosto, os confrontos entre polícia e manifestantes causaram a primeira morte: um adolescente de 16 anos, que foi baleado durante a greve geral (quando centrais sindicais se uniram aos jovens).
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Os protestos estudantis, que começaram no início de maio, reclamam do alto custo da educação no Chile, que conta com um dos sistemas educacionais mais privatizados do mundo, após as reformas aplicadas pela ditadura de Augusto Pinochet. “O governo volta a romper com a possibilidade de diálogo”, afirmou o vice-presidente da confederação de Estudantes do Chile (Confech), Francisco Figueroa, após uma longa reunião que terminou na madrugada desta sexta-feira no vizinho porto de Valparaíso. “Lamentamos profundamente que o governo tenha se negado a aceitar nossas condições – na verdade mínimas, de sentido comum”, acrescentou Figueroa.
A proposta – Na tarde da última quinta-feira, o governo anunciou que aceitava de forma parcial as condições exigidas pelos estudantes para iniciar o diálogo e convocou-os a negociar o quanto antes. Ao responder publicamente a uma “contraproposta” de diálogo entregue na segunda-feira, o ministro da Educação, Felipe Bulnes, disse que rejeitava a principal das quatro exigências impostas: paralisar a tramitação de dois projetos de lei sobre educação enviados ao Congresso.
Os projetos consistem em diminuir de 5,6% para 2% as taxas de juros de um crédito privado apoiado pelo estado utilizado pelos universitários para pagar seus empréstimos (os estudantes não consideram a redução suficiente), e em permitir a renegociação da dívida para cerca de 110.000 estudantes inadimplentes.
(Com agência France-Presse)