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‘Estamos dispostos a lutar até vencer’, diz líder opositora venezuelana

Deputada independente Maria Corina Machado, uma das principais vozes da oposição, foi saudada aos gritos de 'próxima presidente' por manifestantes

Por Diego Braga Norte, de Caracas
22 fev 2014, 15h36

Milhares de pessoas tomaram as ruas de Caracas neste sábado para mais uma manifestação contra o governo de Nicolás Maduro. Os protestos se concentram na Zona Norte da capital, ao longo da Avenida Francisco de Miranda, onde há um palco e carros de som, com líderes opositores e estudantes se revezando ao microfone. Os bonés com as cores da bandeira da Venezuela (amarelo, azul e vermelho), sucesso na última eleição presidencial entre os eleitores de Henrique Capriles, são o acessório mais popular. Há também uma profusão de cartazes e bandeiras da Venezuela e de partidos opositores, como o Primeiro Justiça (PJ) e o Vontade Popular (VP). O público é bem variado, mas a maioria é composta de jovens universitários ou até mesmo adolescentes. Há também setores de movimentos sociais, professores, profissionais liberais e grupos ligados à Igreja Católica.

Maria Corina Machado
Maria Corina Machado (VEJA)

A deputada oposicionista Maria Corina Machado foi a figura mais aplaudida e se aproximou do palco ouvindo aplausos e gritos de “Viva la próxima presidente de Venezuela!”. Antes de subir no tablado, a deputada independente proferiu duras críticas ao governo e garantiu que a luta oposicionista continua. “Estamos aqui por que a Venezuela está em ruínas, mas nós estamos em pé. Estamos dispostos a lutar até vencer”, disse ela. “Precisamos honrar nossos jovens caídos e manter a luta. Queremos uma Venezuela democrática e em paz. Hoje o mundo reconhece que a Venezuela é um país que persegue, que tortura, que assassina, que reprime e censura a imprensa, é uma ditadura”.

Questionada pela escalada da violência – já são oito mortes, mais de 300 presos e mais de 140 feridos – Maria afirmou que “a violência é a arma do governo, as nossas são a organização e a informação”. Segundo ela, “o governo está agindo com agitadores infiltrados e provocando os policiais para legitimar sua própria violência”. Sobre os grupos paramilitares que agem à margem da lei, ela afirmou que eles são “protegidos pelo governo e estão nos atacando e nos assassinando. Perseguem líderes políticos, dirigentes sindicais, trabalhadores e estudantes”. Sem citar nenhum país especificamente, a deputada ainda criticou a postura dos líderes do Mercosul, entre eles o Brasil, que recentemente emitiram comunicado repudiando a violência dos últimos dias na Venezuela, apoiando o governo e condenando “as ameaças de quebra da ordem democrática” feitas por oposicionistas. Postado na página do Itamaraty, o comunicado do Mercosul foi considerado fora do tom e conivente com os abusos que estão sendo cometidos pelo governo de Caracas.

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“Os líderes do Mercosul deveriam chamar a situação por seu nome, exigir o respeito pela Carta Democrática Interamericana da OEA [Organização dos Estados Americanos]. Ela defende compromisso mútuo entre os países e aqui estão violando os direitos fundamentais, estão violando a Constituição venezuelana. A máscara caiu, basta! Estão matando nossos jovens e isso não é uma democracia, é uma ditadura repressiva. Seguiremos nas ruas acompanhando nossos jovens, pacifica e civicamente”, disse Maria.

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Leopoldo López – Maria disse que conversou por telefone com a esposa do líder opositor preso Leopoldo López. Segunda ela, López está “firme com sua determinação em lutar” para provar sua inocência. López, líder do VP, está detido em uma prisão militar nos arredores de Caracas, e cumprirá pena preventiva de 45 dias de reclusão. Em comunicado, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) manifestou “enorme preocupação com o poder punitivo do Estado para criminalizar os defensores dos direitos humanos, os protestos pacíficos e os críticos e dissidentes políticos”. Para Luis Florido, dirigente do VP, López está detido inconstitucionalmente, “apenas para lhe fecharem a boca”. Segundo Florido, não foi apresentada ainda nenhuma prova para incriminar López pelos crimes que o acusam – conspiração e atear fogo em prédios públicos – e ele poderia responder os processos em liberdade.

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Outros protestos – Além de Caracas, outras cidades venezuelanas também estão tendo suas manifestações neste sábado. Até o momento, os protestos estão transcorrendo em um clima pacífico, mas há policiamento em diversos pontos estratégicos, próximos às concentrações de manifestantes. Há registros de protestos nos estados de Miranda, Táchira, Carabobo, Mérida e Bolívar. Nas Espanha, manifestantes dirigiram-se à tradicional Praça Catalunha, em Barcelona, para prestar solidariedade ao povo venezuelano.

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