Espanha: deputados reconhecem Palestina como Estado
Moção teve amplo apoio parlamentar e defende que 'única solução possível' do conflito entre palestinos e israelenses é a coexistência de dois Estados
O Congresso dos Deputados da Espanha aprovou nesta terça-feira um projeto de lei simbólico que pede ao governo do país para reconhecer a Palestina como Estado, porém apenas quando palestinos e israelenses negociarem uma solução para o conflito de longa duração.
A moção simbólica, que ecoa votos semelhantes no mês passado na Grã-Bretanha e na Irlanda, recebeu o apoio de todos os grupos políticos da Câmara dos Deputados e foi aprovada com o voto de 319 dos 322 deputados presentes.
O texto afirma que a “única solução possível” para o conflito entre palestinos e israelenses é a coexistência de dois Estados. A votação ocorreu no mesmo dia em que dois palestinos armados com armas de fogo e machados mataram quatro israeleneses em uma sinagoga de Jerusalém, aumentando ainda mais a tensão na região.
Leia também
Guerra em Gaza não teve vencedor, aponta pesquisa israelense
Novos assentamentos ameaçam relações entre Israel e UE
A Câmara baixa do Parlamento pediu também ao governo que promova de maneira coordenada na União Europeia o reconhecimento da Palestina como Estado soberano, como parte de um processo de paz no Oriente Médio, tendo plenamente em conta “as legítimas preocupações, interesses e aspirações de Israel”.
O ministro das Relações Exteriores, José Manuel García-Margallo, assistiu ao debate no plenário e elogiou o fato de ter havido unanimidade entre os partidos, além de ter expressado confiança que esse pronunciamento do parlamento espanhol sirva para “destravar” o processo de paz na região.
Por parte do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que promoveu a iniciativa, sua porta-voz das Relações Exteriores, Trinidad Jiménez, também afirmou que o apoio unânime do Congresso é “a melhor contribuição” que a Câmara pode fazer para a paz no Oriente Médio.
Na presença do embaixador da Palestina, que estava sentado na tribuna de convidados, Jiménez censurou a atitude de Israel por continuar dificultando com sua política a resolução do conflito, mas ressaltou que o texto “não é contra nada, nem contra ninguém”.
“Neste momento, devemos dar mais um passo, não só fazer um apelo ao diálogo, mas lançar uma mensagem com valor político”, disse a ex-ministra das Relações Exteriores.
Para Jiménez, a medida adotada pela Espanha e por outros Parlamentos europeus apoiar o reconhecimento da Palestina é um “avanço histórico” e está contribuindo para “formar uma vontade política europeia”.
Ao todo, 135 dos 193 países membros das Nações Unidas reconhecem a Palestina como um Estado.