Equador apura ação de policiais e militares em revolta
Para analistas, o presidente Correa tentou tirar benefícios políticos da situação
A procuradoria-geral do Equador concedeu cinco dias de prazo para que mais de uma centena de militares da Força Aérea e do Exército apresentem provas de que eles não se envolveram no que o governo chamou de “tentativa de golpe” da polícia equatoriana contra Rafael Correa, no dia 30 de setembro. Enquanto os governistas dizem que a rebelião tinha como objetivo derrubar o presidente, especialistas argumentam que Correa se aproveitou da situação para tirar benefícios políticos, depois de já ter tomado várias medidas autoritárias no país.
O motim se iniciou no Regimento Quito, que é o principal quartel da polícia na capital equatoriana, mas também envolveu episódios em outros lugares, como no hospital da instituição, onde Correa ficou cercado. A rebelião deixou pelo menos 7 mortos, em sua maioria policiais amotinados. Eles lutavam contra uma proposta de mudança na legislação feita por Correa, que reduziria ganhos dos policiais, tirando bônus e incentivos.
Além dos policiais, pelo menos 153 militares da Força Aérea se envolveram na manifestação. Alguns foram responsáveis por fechar os aeroportos internacionais de Quito e Guayaquil e outros se amotinaram no Ministério da Defesa. Um terceiro grupo cercou Correa durante horas no hospital da polícia até o mandatário ser resgatado por um comando militar leal.
O governo pediu às Forças Armadas que entreguem uma lista de todos os oficiais que participaram do motim, o que ainda não foi feito. O procurador Carlos Polit declarou que após o prazo ele passará as provas da investigação à procuradoria.
Estratégia – Para analistas, acusar um golpe de estado foi, no plano internacional, a medida mais astuta que Correa poderia adotar. Ao caracterizar dessa forma o motim, o presidente provocou uma reação acelerada da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que repudiou o levante e emitiu sinais de que os vizinhos sairiam em defesa de Correa.
(Com agência Estado)