Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Entidades internacionais criticam Bolsonaro por resposta à Covid-19

Em dois dias, presidente foi alvo de críticas de deputados em sessão do Parlamento Europeu, da organização Médicos Sem Fronteiras e de artigo científico

Por Da Redação 15 abr 2021, 19h03

O presidente Jair Bolsonaro segue sendo criticado mundo afora devido à forma como o país está lidando com a pandemia do novo coronavírus. Nesta quinta-feira, 15, em audiência no Parlamento Europeu, deputados insistiram ao embaixador do Brasil na UE, Marcos Galvão, que a crise é resultado de decisões políticas por parte do governo.

As acusações feitas no encontro, que não resultará em votação e serve apenas para pressionar o governo, são corroboradas por um artigo publicado na quarta-feira na revista científica Science. Atribuindo o agravamento da pandemia no Brasil a Bolsonaro, a revista enfatiza as constantes recomendações por parte do presidente de remédios ineficazes, além da ausência de um grande plano nacional para conter a doença.  

“No Brasil, a resposta federal tem sido uma combinação perigosa de inação e irregularidades, incluindo a promoção de cloroquina no tratamento, apesar da falta de evidência”, apontam os cientistas brasileiros e americanos envolvidos no estudo.  

De acordo com o artigo, o Sistema Único de Saúde (SUS) tinha a plena capacidade de controlar a pandemia de maneira eficaz, porém o negacionismo visto dentro do Planalto favorece a disseminação do vírus no país. Além disso, é feito um alerta ao fato da volta da fome e da miséria caso a situação permaneça como está.  

Continua após a publicidade

“O fracasso em evitar essa nova rodada de propagação facilitará o surgimento de novas variantes, isolará o Brasil como uma grande ameaça à segurança de saúde global e levará a uma crise humanitária completamente evitável”, escrevem.

“Apelo urgente”

Outra instituição a fazer críticas nesta semana ao governo foi o Médico Sem Fronteiras. Em comunicado, o MSF sinaliza para o fato de que mais de um ano desde o início da pandemia de Covid-19, nenhuma resposta prática foi dada pelo governo nacional e faz “um apelo urgente às autoridades brasileiras para que reconheçam a gravidade da crise e coloquem em marcha uma resposta centralizada e coordenada para impedir que continuem ocorrendo mortes que podem ser evitadas”. 

O presidente da organização, o médico Christos Christou, aponta para a disputa política que foi instaurada no meio da pandemia. 

Continua após a publicidade

O governo federal praticamente se recusou a adotar diretrizes de saúde pública de alcance amplo e com base em evidências científicas, deixando às dedicadas equipes médicas a tarefa de cuidar dos mais doentes em unidades de terapia intensiva, tendo que improvisar soluções na falta de disponibilidade de leitos”, afirma. “Isto colocou o Brasil em um estado de luto permanente e o sistema de saúde do país à beira do colapso”. 

De acordo com o Médico Sem Fronteiras, 11% do total de novos casos e 26,2% das mortes ocorridas na semana passada aconteceram no Brasil. Apenas no dia 8 de abril, 4.249 mortes foram registradas no período de 24 horas, números “estarrecedores” que indicam uma clara falta de habilidade do governo em lidar com o problema, de acordo com a instituição.

Nos últimos dados disponibilizados, nesta quinta, 15, o Ministério da Saúde registrou 73.174 novos casos e 3.560 novas mortes nas últimas 24 horas. No total, são 13.746.681 casos e 365.444 óbitos confirmados em todo o território nacional.

Continua após a publicidade

Acusações no Parlamento Europeu

Durante a audiência realizada no Parlamento Europeu nesta quinta-feira, o presidente brasileiro foi duramente criticado.

Uma das deputadas que mais deu voz às críticas foi a alemã Anna Cavazzini, vice-presidente da delegação do Parlamento Europeu para assuntos relacionados ao Brasil. Além de questionar as ações do governo para lidar com o problema da fome e da miséria, Cavazzini cobrou respostas sobre a morte do povo indígena e o fracasso nas políticas públicas. 

“O que ocorre no Brasil é uma tragédia. Mas poderia ter sido evitada e baseada em decisões políticas equivocadas. A Covid-19 virou uma crise social, com pessoas indo para a cama com fome. O que o governo vai fazer sobre isso”, disse.  

Continua após a publicidade

Outro a criticar o Brasil e a propor soluções mais fortes foi o deputado espanhol Miguel Urban Crespo. Para ele, beira o absurdo a UE continuar negociando um acordo comercial com o Mercosul neste momento.

Dentre várias críticas, o questionamento da eficácia do novo auxílio emergencial e a possibilidade de empresas privadas adquirirem doses das vacinas foram as mais citadas.

Em resposta, o embaixador Marcos Galvão foi taxativo a pedir ajuda dos países europeus e foi claro em reconhecer o tamanho da crise no país. “A prioridade é vacina, vacina e vacina. Não tem outra forma de sair desse desastre. Estamos correndo contra o relógio para salvar vidas”, disse no encontro.  

Continua após a publicidade

A representante da Comissão Europeia, Veronique Lorenzo, disse que passou a monitorar a situação dramática do Brasil e que, depois do pedido de ajuda por parte do Itamarty, a UE irá enviar a ajuda necessária. O bloco admitiu ainda que os critérios da Covax, o consórcio da OMS para a distribuição de vacinas, deveriam mudar para dar prioridade ao Brasil.  

No consórcio, todos os países recebem um abastecimento inicial de 3% da população e, futuramente, mais 10%.

O Brasil já vacinou cerca de 12% da população com uma dose e apenas 3,6% com as duas doses, de acordo com o projeto Our World in Data, da Universidade de Oxford. 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.