Enfim, a justa homenagem: políticos dos EUA lembram os mortos pela Covid
Sepultou-se de vez a indiferença manifestada durante a era Trump

Na semana em que os Estados Unidos ultrapassaram a trágica marca de 500 000 mortos em decorrência da Covid-19 — mais do que na I Guerra, II Guerra e Guerra do Vietnã juntas —, deu-se um fato inédito: as vítimas receberam homenagens oficiais, sepultando de vez a indiferença manifestada durante a era Trump, fruto de sua insistência em fazer pouco da praga do novo coronavírus. Ao anoitecer de terça-feira 23, deputados e senadores, de máscara e com velas na mão, postaram-se em vigília, sob frio intenso, na escadaria do Capitólio, em cerimônia encerrada com um minuto de silêncio. No dia anterior, na frente da Casa Branca, o presidente Joe Biden e a vice Kamala Harris, acompanhados dos cônjuges, também prestaram sua homenagem. “Não podemos nos anestesiar diante da dor”, disse Biden. Apesar da marca dramática, os números de óbitos e de contágio nos Estados Unidos — campeão mundial, com 28 milhões de casos confirmados — estão finalmente retrocedendo. Há mais de um mês vem ocorrendo diminuição constante na quantidade de mortes e um recuo geral de quase 40%, enquanto o número de novos infectados apresenta queda de 33% — boas notícias atribuídas ao fim do pior período de aglomerações (Natal, Ano-Novo, Super Bowl) e à adoção mais frequente de distanciamento social e uso de máscara. Reforçando os dados positivos, 12% da população já foi vacinada e o ritmo da imunização está se acelerando diariamente. Se tudo continuar assim, dá para prever a chegada de dias melhores.
Publicado em VEJA de 3 de março de 2021, edição nº 2727