Embaixador russo processa jornal italiano por artigo crítico a Putin
Alinhado com novas leis de censura do Kremlin, que punem oposição à operação militar russa, diplomata acusou periódico de incitar morte do presidente
O embaixador russo na Itália, Sergey Razov, acusou o jornal italiano La Stampa por incitar crime contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Em entrevista a repórteres nesta sexta-feira, 25, o diplomata disse ter entrado com um processo contra o veículo.
“Desnecessário dizer que isso vai contra as regras do jornalismo e da moralidade”, disse Razov.
Publicado na última terça-feira, 22, o artigo alvo do processo é intitulado “Se matar o tirano é a única opção”, e sugere a morte de Putin como último recurso para encerrar a guerra na Ucrânia.
A iniciativa do embaixador russo está alinhada com as novas leis de imprensa impostas pelo Kremlin. Aprovada pelo Parlamento da Rússia no dia 4 de março, a medida pune qualquer oposição política ao governo russo e reportagens críticas à operação militar em curso no país vizinho.
Entre as chamadas “informações falsas” proibidas pelo Kremlin estão chamar o conflito em território ucraniano de guerra ou invasão nas redes sociais ou em sites e transmissões jornalísticas. O acesso ao Facebook e a outros sites também foi bloqueado no país.
Nesta semana, a agência federal que regula telecomunicações na Rússia bloqueou o serviço Google News no país, citando ocorrência de “materiais contendo informações não confiáveis sobre a situação na Ucrânia”. Segundo a agência de notícias Interfax, o pedido foi feito pelo gabinete do procurador-geral.
O Google confirmou à agência Reuters que os usuários estão tendo dificuldades para acessar o site e o aplicativo Google News na Rússia. “E isso não se deve a nenhum problema técnico do nosso lado”, disse a empresa por meio de nota.