Em vídeo, EI diz ter executado um dos reféns japoneses
Um dos reféns aparece segurando foto que seria do outro refém decapitado
(Atualizado às 22h42)
O governo do Japão condenou na manhã deste domingo (horário local) a divulgação de um vídeo pelo Estado Islâmico anunciando a execução de um refém japonês. O vídeo mostra uma imagem estática de Kenji Goto segurando uma foto do que seria de Haruna Yukawa decapitado.
Uma voz atribuída a Goto afirma que o grupo terrorista não quer mais dinheiro, como havia pedido inicialmente, e sugere libertar Goto em troca da liberação de Sajedah Rishawi, mantida pelas autoridades da Jordânia. “Eles não querem mais dinheiro, então você não precisa se preocupar em financiar terroristas”, diz a voz, em inglês.
“É um ato ultrajante e inaceitável”, afirmou o chefe do gabinete de Segurança, Yoshihide Suga, em um breve pronunciamento transmitido pela TV. “Nós exigimos fortemente a pronta liberação de Kenji Goto, sem ferimentos”.
O primeiro-ministro Shinzo Abe deu uma declaração a jornalistas ao sair de uma reunião de gabinete em sua residência oficial em Tóquio: “Eu tenho um forte sentimento de raiva. Nós não vamos ceder ao terrorismo”, afirmou.
Pouco tempo depois das declarações de Abe, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou o que chamou de “assassinato brutal” do refém japonês. Os Estados Unidos não disseram como obtiveram a informação de que Haruna Yukawa está morto.
Vídeo – As autoridades japonesas, por sua vez, não confirmaram a autencidade do vídeo. Um especialista do canal estatal japonês NHK apontou pontos estranhos nas imagens, que não seguem o formato até então usado pelo grupo terrorista de mostrar a decapitação de reféns. O novo vídeo não tem a marca do EI nem referências religiosas.
No início desta semana, o EI havia divulgado um vídeo exigindo 200 milhões de dólares para libertar os dois japoneses e estabelecendo um prazo de três dias para o pagamento do resgate – que expirou ontem sem notícias sobre o que havia acontecido com os reféns.
Reféns – Kenji Goto é um jornalista freelance e documentarista que foi sequestrado depois de entrar no território dominado pelo Estado Islâmico na Síria, em outubro. Yukawa foi capturado quando a facção rebelde à qual havia se integrado entrou em confronto com o EI em meados do ano passado.
Amigos dizem que Yukawa foi para a Síria para tentar fugir de decepções na vida pessoal, como a falência de seu negócio e a morte da mulher. Segundo informações da imprensa do Japão, Goto teria viajado para tentar libertá-lo.
Troca – A mulher mencionada no vídeo foi condenada por participar de um ataque suicida na capital Amã em 2005 que deixou vários mortos. O atentado foi organizado pelo marido de Sajedah. Os dispositivos que ela levava junto ao próprio corpo falharam, informou o jornal britânico Daily Telegraph. Ela também seria a irmã de Mubarak Atrous al-Rishawi, ex-chefe do Estado Islâmico no Iraque, que foi morto quando o grupo terrorista ainda fazia parte da insurgência iraquiana contra a coalizão liderada pelos Estados Unidos.
(Com agência Reuters)