Rio de Janeiro, 2 jun (EFE).- O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou neste sábado que o Brasil é um dos países que mais apoia o plano de paz do enviado especial da ONU para a Síria, Kofi Annan, e buscou dissipar qualquer dúvida sobre o interesse do governo Dilma Rousseff em acabar com a violência na nação árabe.
‘O apoio do Brasil ao plano de paz e ao relator Kofi Annan talvez seja maior que o dos Estados Unidos’, disse Patriota em entrevista coletiva feita neste sábado no Rio de Janeiro após sua reunião de trabalho com o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro.
‘O Brasil apoia desde o início a missão de Anann e seu plano de paz de seis pontos, inclusive porque (o plano) rejeita uma intervenção militar (estrangeira) no conflito’, acrescentou Patriota, que disse esperar que sua declaração ponha fim a qualquer mal-entendido.
O ministro se referiu expressamente às declarações feitas nesta sexta-feira pelo porta-voz do Departamento de Estado americano, Mike Hammer, que manifestou o desejo de Washington de ver ‘mais atitude’ por parte do Brasil no esforço da comunidade internacional para deter a violência na Síria.
‘Queremos ver atitudes no Conselho de Segurança da ONU, e queremos que o Brasil seja parte disso’, declarou Hammer nesta sexta-feira em entrevista coletiva em Washington, na qual pediu ‘mais apoio’ ao plano do enviado especial da ONU e mais esforços do Brasil para pressionar o presidente sírio Bashar al-Assad e seus militares.
O Itamaraty, que defende o diálogo e a negociação para buscar uma solução à crise síria, se opõe às sanções impostas pelos EUA contra o país árabe, pois Brasília rejeita qualquer tipo de sanção unilateral.
Mas Patriota admitiu que o governo brasileiro aceitaria tais medidas desde que adotadas pela ONU. ‘Se a missão de Kofi Annan chega a sugerir a adoção de sanções, como um embargo de armas, e a ONU as aprova, é lógico que o Brasil as incorporará’.
O ministro brasileiro alega que uma intervenção militar na Síria seria ‘catastrófica’. Segundo ele, o Brasil não só respalda a missão da ONU, mas também apoiou nesta sexta-feira a resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU que pede uma investigação ‘integral, independente e sem restrições’ do massacre cometido no dia 25 de maio na cidade síria de Houla, onde morreram mais de 100 civis.
Em outras declarações, o chanceler brasileiro já havia defendido o diálogo como forma de evitar um conflito mais grave. EFE