Em meio à Covid e ameaças de segurança, posse de Biden não dispensa pompa
200.000 bandeiras dos EUA foram colocadas em frente ao Capitólio de Washington, Lady Gaga vai cantar o hino e haverá mais soldados que convidados
O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden e a vice-presidente eleita, Kamala Harris, preparam-se para tomar posse de seus cargos nesta quarta-feira, 20. A tradicional – e aglomerada – cerimônia dará lugar a um evento virtual em uma Washington hiper-policiada, devido à pandemia de coronavírus e à ameaça de ataques por apoiadores de Donald Trump, de saída da Casa Branca. Mesmo assim, a extravagância americana é perene.
Nesta terça-feira, 19, 200.000 bandeiras decorativas foram colocadas no Passeio Nacional, parque em frente ao Capitólio de Washington. Elas são símbolo não apenas do público ausente, mas também são uma homenagem aos milhares de mortos pela Covid-19. Biden e Harris participarão de uma cerimônia no Memorial de Abraham Lincoln para honrar as 400.000 vítimas do vírus no país.
Shows de artistas de grande projeção estão previstos para esta terça-feira e para quarta-feira. O ator Tom Hanks apresentará um especial de TV de 90 minutos às 20h30 (22h30 em Brasília) celebrando a posse de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos, com apresentações de Justin Timberlake, Jon Bon Jovi, Demi Lovato e Ant Clemons.
Em 2009, Aretha Franklin cantou na primeira gala da posse de Barack Obama, e em 2012, Beyoncé cantou o hino. Trump, de quem grande parte da indústria do entretenimento não gosta, teve que se contentar com um artista relativamente desconhecido para cantar o hino em sua cerimônia de posse. Neste ano, Biden retoma a tradição dos grandes astros: Lady Gaga foi a escolhida para cantar o hino nacional na cerimônia.
É certo que as cerimônias são mais animadas quando o público está presente – Obama deu o pontapé inicial de sua presidência, em 2009, com mais de um milhão de apoiadores –, mas a posse de Biden ainda promete diversos eventos.
O juramento feito por Biden e Kamala em frente ao Capitólio ocorrerá com público limitado às 14h (horário de Brasília), devido aos protocolos de saúde e segurança pública. Serão apenas 1.000 convidados – menos de 1% do público médio de posses anteriores. Enquanto isso, cerca de 25.000 membros armados da Guarda Nacional estarão em alerta máximo.
Desde a invasão do Capitólio por apoiadores de Trump no dia 6 de janeiro, o complexo de edifícios e a capital americana ganharam aspecto de zona de guerra com a presença de militares. É comum que posses presidenciais tenham alto grau de segurança, mas na de Trump há quatro anos, por exemplo, apenas 8.000 guardas estiveram presentes.
Depois de ser empossado pelo chefe da Suprema Corte, John Roberts, o discurso inaugural do presidente eleito será focado em “derrotar a pandemia, reconstruir melhor e unificar e curar a nação”, segundo o programa oficial. Antes da interpretação de Lady Gaga do hino, o padre jesuíta Leo O’Donovan fará uma oração para inaugurar a posse (Biden será o segundo presidente americano católico, após John Kennedy).
Músicos da banda militar, vestidos com trajes do século 18, vão tocar do lado de fora do Capitólio. As Forças Armadas também vão desfilar, tradição de longa para simbolizar uma transferência pacífica de poder.
Ao invés de desfilar pela Avenida Pensilvânia – uma das principais vias públicas de Washington, que liga o Capitólio à Casa Branca, Biden será escoltado por soldados até a sede oficial da Presidência. Em seguida, deve começar a “Parada pela América”, desfile virtual com representantes dos 50 estados, como a de um coral de pessoas trans, além de atletas olímpicos e artistas como a banda Earth, Wind & Fire.
Ex-presidentes e outras grandes personalidades estarão presentes: entre os mais importantes, Barack e Michelle Obama, George W. e Laura Bush, e Bill e Hillary Clinton.
Quem estará ausente, no entanto, será Donald Trump, o primeiro presidente em mais de 150 anos a escolher não comparecer à posse de seu sucessor. Depois de meses alegando, sem evidências, que as eleições foram fraudadas, seu mandato se encerrará oficialmente às 12h (14h em Brasília), e ele planeja uma despedida no aeroporto antes de embarcar para a Flórida, onde irá morar.