Em crise diplomática, Macron e Biden marcam reunião para outubro
Anúncio foi feito quase uma semana após diplomacia francesa acusar o governo americano de 'apunhalar Paris pelas costas' em acordo envolvendo Austrália
A Casa Branca afirmou nesta quarta-feira, 22, que os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da França, Emmanuel Macron, irão se encontrar em outubro na Europa, em meio às profundas tensões diplomáticas entre os dois países por um acordo envolvendo a Austrália.
De acordo com um comunicado divulgado pela Casa Branca, os presidentes concordaram em abrir um processo de consultas aprofundadas “para garantir a confiança e propor medidas concretas em direção a objetivos comuns”.
Segundo a Presidência francesa, o mandatário francês afirmou que também pretende enviar na próxima semana seu embaixador de volta a Washington, após Biden, concordar em consultar Paris antes de anunciar um acordo de segurança com o governo australiano. O pacto teria como objetivo reforçar a cooperação em tecnologias defesa entre os países para fazer frente ao poder da China no Indo-Pacífico.
O anúncio foi feito quase uma semana depois de uma profunda turbulência diplomática, após a diplomacia francesa acusar o governo Biden de “apunhalar Paris pelas costas”. Na semana passada, a França convocou seus embaixadores nos EUA e na Austrália após Washington e Reino Unido assinarem um acordo de submarinos nucleares com a Austrália, fazendo com que o governo australiano descartasse um acordo anterior de bilhões de dólares em submarinos franceses.
Na linguagem diplomática, um governo convoca seus embaixadores em outras nações quando quer demonstrar descontentamento nas relações. Em nota, o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, afirmou que a decisão foi tomada diretamente por Macron e tem sua excepcionalidade “justificada pela gravidade dos anúncios”.
O acordo assinado tem como objetivo reforçar a cooperação em tecnologias avançadas de defesa, como inteligência artificial, sistemas submarinos e vigilância de longa distância. Segundo a imprensa francesa, a nova parceria com os EUA e o Reino Unido significa o cancelamento de um contrato assinado pela Austrália com a França em 2016, que chegaria a 90 bilhões de dólares.
Em resposta, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, chamou a França de “um parceiro vital” e disse que Washington ainda trabalharia “incrivelmente próximo” de Paris.
Já a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, minimizou as críticas francesas. “Há uma série de parcerias que incluem os franceses e algumas parcerias que não incluem, e eles têm parcerias com outros países que não nos incluem”, disse ela. “É como a diplomacia global funciona”.