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Em 1ª entrevista para a TV, refugiada saudita detalha opressão da família

Rahaf Mohammed, que abandonou o sobrenome al-Qunun, disse que agressões começaram com corte de cabelo "proibido" pelo Islã

Por Da Redação
15 jan 2019, 12h35

Em sua primeira entrevista depois de se refugiar no Canadá, Rahaf Mohammed, de 18 anos, detalhou sua realidade antes de fugir da família. A jovem saudita, que virou notícia ao se isolar em um hotel da Tailândia para evitar a deportação, abandonou o sobrenome al-Qunun e afirmou que “não tinha nada a perder” caso fracassasse.

“Foi algo que valeu o risco que tomei”, disse a jovem ao jornal Toronto Star e à emissora CBC News, “nós somos tratadas como um objeto, como escravas. Eu queria contar às pessoas sobre minha história e o que acontece com as mulheres sauditas”, declarou Rahaf, mencionando o sistema de guarda da Arábia Saudita em que mulhers dependem de permissão masculina para viagens, estudo, casamento e até mesmo para deixar a prisão.

Segundo Rahaf, sua família a submeteu a abusos físicos e psicológicos: “no começo, eles me deixaram trancada por seis meses depois que cortei meu cabelo, dizendo que no Islã é proibido que uma mulher se vista como um homem”, contou aos repórteres, em uma sala da Agência de Assentamento de Imigrantes em Toronto. “Mas eu fui principalmente exposta à violência da minha mãe e do meu irmão, acrescentou, “eles estavam me batendo e existia violência corporal.”

Enquanto estava na Tailândia, Mohammed contou à BBC que havia renunciado ao islamismo, um crime punível com a morte na Arábia Saudita. Ela estava em uma viagem no Kuwait com a família quando voou para Bangcoc, em 5 de janeiro, com a intenção de fazer uma conexão para a Austrália.

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Seu passaporte foi detido por um diplomata saudita assim que ela deixou o avião, o que comprometeu seu plano e a levaria para a extradição. Foi então que a jovem recorreu ao Twitter, onde transmitiu sua luta por refúgio: “Durante aquele tempo, eu estava pensando em qual tipo de mensagem de despedida eu poderia escrever, porque não permitiria que eles me levassem. Eu estava preparada para dar um fim à minha vida antes que eles me sequestrassem”, ela contou à CBC.

Seu caso foi abraçado pelo Observatório de Direitos Humanos (HRW) e diversos jornalistas. Sob pressão, a Tailândia permitiu sua permanência no país e a Organização das Nações Unidas (ONU) colocou seu pedido de refúgio sob análise.

Novo Lar

Na última sexta-feira 11, o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau anunciou que o país aceitaria Rahaf como uma refugiada. No dia seguinte, ela chegou ao Aeroporto Internacional de Toronto, onde foi recebida pela ministra de Relações Exteriores do país, Chrystia Freeland.

O governo saudita não fez novos comentários desde a chegada de Rahaf no Canadá, mas o chefe da Sociedade Nacional por Direitos Humanos, ligada ao Estado, disse na segunda-feira 14 que “estava surpreso com a incitação de alguns países para que mulheres sauditas delinquentes se rebelem contra os valores de suas famílias.”

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Voltando a usar sua conta no Twitter, Mohammed disse que “se sente muito segura no Canadá, um país que respeita os direitos humanos”, e acrescentou que “sente como se tivesse nascido de novo sentindo o amor de todas as pessoas que esperavam por sua chegada.”

Rahaf falou sobre suas expectativas de uma rotina bem diferente: “Eu vou explorar a vida. Eu vou ter um trabalho e viver uma vida normal.”

O governo canadense oferece auxílio financeiro a refugiados por até um ano, e os ajuda a encontrar moradia, fazer os registros de identidade federais e aprender inglês. Não foi divulgado se Mohammed irá receber proteção da polícia canadense já que, segundo a reportagem da CBC, ela recebe uma média de 100 ameaças por dia.

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(com Reuters, BBC)

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