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Eleição histórica na Líbia é marcada por protestos e morte

Duas cidades tiveram pleito cancelado por causa de rebeldes, postos de votação foram queimados e eleitores foram barrados por homens armados

Por Da Redação
7 jul 2012, 18h05

A primeira eleição na Líbia, que aconteceu neste sábado, após mais de quarenta anos de ditadura do Muamar Kadafi, foi marcada por protestos envolvendo homens armados, incêndios em postos de votação e até o cancelamento do pleito em duas cidades do leste do país, região que concentra grupos separatistas interessados na independência da região. Um homem morreu durante um conflito.

As autoridades disseram, contudo, que a adesão dos eleitores foi razoável. O calor registrado na cidade não impediu que os eleitores, muitos deles mulheres, exercessem o direito ao voto.

Num total de 1.500 postos de votação distribuídos em todo o país, rebeldes bloquearam a abertura de 101 colégios eleitorais. Nas cidades de Ajdabiya e de Briga a votação foi cancelada pelas autoridades líbias.

Foi justamente em Ajdabiya que houve o registro de uma morte durante os protestos. De acordo com o vice-ministro do Interior, Omar al-Khadrawi, três homens estavam em um carro tentando impedir o processo de votação quando um segurança local correu atrás deles atirando, ferindo duas pessoas e matando outra.

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Entenda o caso

  1. • A revolta teve início no dia 15 de fevereiro, quando 2.000 pessoas organizaram um protesto em Bengasi, cidade que viria a se tornar reduto da oposição.
  2. • No dia 27 de março, a Otan passa a controlar as operações no país, servindo de apoio às tropas insurgentes no confronto com as forças de segurança do ditador, que está no poder há 42 anos.
  3. • Após conquistar outras cidades estratégicas, de leste a oeste do país, os rebeldes conseguem tomar Trípoli, em 21 de agosto, e, dois dias depois, festejam a invasão ao quartel-general de Kadafi.
  4. • A caçada pelo coronel terminou em 20 de outubro, quando ele foi morto por rebeldes em sua cidade-natal, Sirte. Um mês depois, seu filho e herdeiro político Saif al Islam foi capturado durante tentativa de fuga.

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A suspeita é de que eles fizessem parte de grupos de rebeldes defensores do federalismo, que consideram que o leste do país ficará sub-representado na assembleia legislativa escolhida neste sábado -assim como nos 42 anos de poder de Muamar Kadafi. Os rebeldes invadiram vários centros de votação e queimaram ou roubaram as urnas. A região é uma rica produtora de petróleo.

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Em Bengasi, os ativistas atacaram um posto eleitoral. Segundo a imprensa internacional, as forças policiais não fizeram nada para intervir na ação.

Alexander Graf Lambsdorff, chefe da missão de avaliação eleitoral da União Europeia, disse que dois postos de votação em Bengasi foram incendiados e outros dois não abriram até às 14 horas (local). Nessa sexta, um funcionário eleitoral já havia morrido após um helicóptero carregado com cédulas eleitorais ser derrubado naquela cidade um dia antes da eleição.

Em Ras Lanuf, um homem armado impediu que eleitores depositassem seus votos em um posto da região.

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A votação, prevista inicialmente para 19 de junho, foi adiada por razões técnicas e logísticas, informou a comissão eleitoral. Dos seis milhões de habitantes, 2,7 milhões estão inscritos para votar.

Muitos farão isso pela primeira vez. A última ocasião em que os líbios foram às urnas em uma eleição nacional foi em 1965 – e ainda assim, partidos políticos não eram permitidos. Kadafi entrou no poder em 1969.

Agora, os líbios puderam escolher 200 representantes do primeiro Congresso Geral Nacional. Entre as atribuições do novo legislativo estarão a formação do governo e a definição de um comitê de especialistas encarregado de redigir um projeto de Constituição, que depois será submetido a referendo.

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Os postos de votação abriram às 8 horas (3 horas em Brasília) com filas em Trípoli. O encerramento do pleito foi às 20 horas local (15 horas em Brasília).

O resultado da apuração será divulgado a partir de segunda-feira, de acordo com a Comissão Eleitoral.

Eleição – Embora mais de 4.000 candidatos individuais ou inscritos nas listas de movimentos políticos tenham se apresentado, a comissão eleitoral só declarou elegíveis 2.501 independentes e 1.206 de grupos políticos. No total, 620 mulheres apresentaram suas candidaturas. Elas estão bem representadas nas listas dos partidos, embora entre os candidatos individuais só representem 3,4%.

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Divisões – Os assentos são divididos entre candidatos independentes (120) e movimentos políticos (80), uma maneira de evitar, segundo as autoridades, que apenas um partido político domine a futura Assembleia Constituinte. Isso não impede, porém, que alguns partidos apoiem candidatos individuais, o que poderia levar os islamitas ao poder na Líbia, como já aconteceu na Tunísia e no Egito, dois países que também viveram as chamadas ‘revoltas árabes’.

Durante a campanha eleitoral, que terminou na quinta-feira, três partidos se destacaram. Dois deles são islamitas: o Partido da Justiça e da Construção (PJC), um braço da Irmandade Muçulmana, e o Al-Watan, do polêmico ex-chefe militar de Trípoli Abdelhakim Belhaj. O terceiro grupo político de destaque é o dos liberais, reunidos em uma coalizão lançada por Mahmud Jibril, o ex-primeiro-ministro do CNT durante a revolta contra Kadafi.

(Com agência France-Presse e Reuters)

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