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Eleição alemã fomenta pauta ambiental e pode dificultar acordo com Brasil

Crescente conscientização popular sobre tema pode respingar em negociações internacionais, como o próprio acordo entre União Europeia e Mercosul

Por Da Redação Atualizado em 27 set 2021, 12h48 - Publicado em 27 set 2021, 12h44

Em um ano de enchentes devastadoras que deixaram quase 200 mortos e centenas de outros feridos, não há dúvidas de que a proteção climática se tornou uma questão crucial para eleitores alemães, que foram às urnas no último domingo, 25, para escolher o sucessor da chanceler Angela Merkel. Agora, a crescente conscientização popular sobre o tema pode respingar em negociações internacionais, como o próprio acordo entre União Europeia e Mercosul.

Por uma pequena margem, os primeiros resultados oficiais, divulgados nesta segunda-feira, indicam a vitória do Partido Social-Democrata (SPD) sobre a União Cristã Democrata (CDU), de Merkel. Os sociais-democratas obtiveram 25,9% dos votos, contra 24,1% dos conservadores. Com esse resultado, nenhum partido tem maioria no Parlamento, o que faz com que as legendas agora precisem negociar para formar um governo de coalizão.

Além das enchentes deste ano, em regiões próximas à Bélgica, também houve ondas recordes de calor, colocando ainda mais preocupação sobre ações para proteção climática. Para a Corte Constitucional, no entanto, as políticas climáticas adotadas pelo governo são “insuficientes”, um sentimento adotado por muitos alemães, que foram às ruas em grandes números em protestos contra a falta de ação.

Entre os presentes em uma marcha na frente do Bundestag na última sexta-feira estava a jovem ativista Greta Thunberg. Em todo o país, foram marcadas 472 protestos pelo clima durante o fim de semana da eleição.

De acordo com pesquisadores da World Weather Attribution, uma rede de cientistas que pesquisa o papel da mudança climática após eventos climáticos extremos, o fenômeno da mudança climática foi crítico nas enchentes.

“Sempre pensamos que não poderia acontecer aqui, mas olha onde nós estamos”, disse Karsten Haustein, meteorologista do Centro de Serviços Climáticos da Alemanha, à rede europeia Euronews.

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Independentemente da mudança de chefia e de partido, é provável que as metas do acordo climático de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius não sejam realmente alcançadas, segundo um estudo do Instituto Alemão para Pesquisa Econômica (DIW). “As diferenças entre os partidos são claras. No entanto, nenhum dos programas apresenta conceitos consistentes para alcançar plenamente as metas estabelecidas para 2030 na nova lei de proteção climática”, diz o instituto.

Essa falta de perspectiva pode forçar que mais pessoas se posicionem a favor de regras ambientais mais duras, o que pode empacar acordos que toquem em regulamentações ambientais, à exemplo do acordo entre União Europeia e Mercosul, ou acordos diretos entre o governo alemão e Brasília.

Na última semana, o presidente da Comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu, Bernd Lange, afirmou não acreditar que o acordo será ratificado na atual legislatura, que será concluída em 2024. O acordo de associação, o maior pacto comercial feito pelo bloco europeu, após 20 anos de complicadas negociações, abriria um mercado de 266 milhões de consumidores, que poderiam ter acesso a bens e serviços da Europa a preços competitivos.

As razões passam, principalmente, por dúvidas da França, que realizará eleições presidenciais em abril de 2022, assim como pelo temor de vários países que integram a UE de que o Brasil não cumprirá os compromissos ambientais firmados no acordo.

Apesar de tentativas do governo brasileiro de contornar a situação, como o recente discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral das Nações Unidas para defender as ações adotadas pelo governo para proteção ambiental, especialistas argumentam que números são usados de forma desonesta.

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“O governo Bolsonaro não tem nenhum compromisso com o clima. Sob sua gestão, todos os indicadores nesta agenda só pioraram. Se o comportamento dos demais líderes globais fosse o mesmo do presidente brasileiro, a meta de estabilizar o aquecimento global em 1,5 grau Celsius seria inalcançável”, afirma o secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini.

Além da França, Bélgica, Holanda e Áustria também consideram que o. acordo comercial não contém cláusulas suficientes para proteger o meio ambiente e o desmatamento no Brasil. No ano passado, a Alemanha também se juntou aos Estados-Membros da UE que já expressaram dúvidas sobre a implementação do pacto.

O integrante do Parlamento Europeu disse ainda que “não está claro” até que ponto o Mercosul será estável, enquanto “os países menores” do bloco estão estuando a viabilidade de negociar acordos comerciais por conta própria, à exemplo do Uruguai com a China

“E ninguém sabe exatamente o que acontecerá no Brasil”, disse Lange, sobre a situação política e econômica no país.

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