O exército egípcio impôs, neste sábado, um novo toque de recolher na área onde se enfrentaram manifestantes e soldados, na sexta-feira, deixando dois mortos (um soldado e um civil), e mantendo detidas 300 pessoas, disse à AFP uma fonte militar.
Os detidos deverão cumprir uma pena de 15 dias, segundo a mesma fonte militar, e entre os detidos há nove jornalistas.
Entre eles há nove jornalistas. Na noite deste sábado, uma fonte militar informou que foram libertadas todas as mulheres detidas, entre 14 e 17 do total de 320 detidos, segundo os militantes.
Um responsável de segurança confirmou o balanço e advertiu que poderia haver mais prisões neste sábado.
Depois de cinco horas de interrogatório durante a noite, os detidos foram acusados de agredir a soldados e oficiais do exército, de reunir-se em uma zona militar e de obstruir o trabalho das forças armadas, segundo a mesma fonte. Todos eles negaram as acusações.
Os militares impuseram o toque de recolher noturno na zona do Ministério de Defesa pela segunda noite consecutiva, entre as 21H00 GMT (18H00 de Brasília) do sábado e as 04H00 GMT (01H00 de Brasília) de domingo, segundo uma fonte militar.
Na sexta-feira, durante várias horas, os soldados encarregados de proteger os acessos ao Ministério de Defesa e os manifestantes se enfrentaram violentamente. Aos manifestantes, armados de pedras e paus, os militares responderam disparando bombas de gás lacrimogêneo e jatos d’água.
Os manifestantes protestaram contra a permanência do poder militar desde a queda do regime do presidente Hosni Mubarak em fevereiro de 2011 e contra a eventual influência que o poder castrense possa exercer nas eleições presidenciais, cuja primeiro turno será realizado em 23 e 24 de maio.
Nos enfrentamentos houve dois mortos e 300 feridos.
O chefe do Conselho Supremo das Forças Armadas que dirige o país, o marechal Husein Tantaui, assistiu neste sábado no Cairo ao funeral de um soldado morto nos choques, uma aparição excepcional que conferiu um caráter solene à cerimônia.
A calma havia regressado ao bairro do Ministério da Defesa neste sábado, que durante toda a noite esteve sob toque de recolher. Tanques e soldados continuavam vigiando a área.
O Conselho Supremo das Forças Armadas reafirmou na quinta-feira sua vontade de organizar eleições “100% honestas e transparentes” e se comprometeu a devolver o poder aos civis antes do final de junho, uma vez que o próximo presidente seja eleito.