Egípcios comemoram um ano da revolta contra Mubarak
Grupos pró-democracia pedem a saída dos militares do poder na praça Tahrir
Os egípcios tomaram a emblemática Praça Tahrir no Cairo nesta quarta-feira para marcar um ano da revolta que tirou do poder o ex-ditador Hosni Mubarak, enquanto a Junta Militar planeja grandiosas celebrações e ativistas prometem dar novo fôlego à sua “revolução” ainda incompleta. Milhares de islamitas, liberais, esquerdistas e cidadãos comuns tomaram conta da praça, epicentro dos protestos, agitando bandeiras e exibindo cartazes.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, egípcios iniciaram, em janeiro, sua série de protestos exigindo a saída do então presidente Hosni Mubarak.
- • Durante as manifestações, mais de 800 rebeldes morreram em choques com as forças de segurança de Mubarak que, junto a seus filhos, é acusado de abuso de poder e de premeditar essas mortes.
- • Após 18 dias de levante popular, em 11 de fevereiro, o ditador cede à pressão e renuncia ao cargo, deixando Cairo; em seu lugar assumiu a Junta Militar.
Leia mais no Tema ‘Revolta no Egito’
A poderosa Irmandade Muçulmana, que dominou as eleições para o novo parlamento, fez-se presente para comemorar um ano desde que os egípcios – inspirados pela revolta na Tunísia – tomaram as ruas para protestar contra o regime. Mas outros grupos, incluindo movimentos pró-democracia por trás da revolta, insistem que precisam terminar a revolução e querem a saída dos militares do governo.
Na véspera, o chefe do poder militar, o marechal Hussein Tantawi, em um discurso televisionado, anunciou que o Egito vai suspender nesta quarta-feira o estado de emergência em vigor há mais de trinta anos, salvo em caso de crimes violentos. A suspensão, exigida com insistência pelas organizações de defesa dos direitos humanos e por vários partidos políticos, coincide com o primeiro aniversário do início da revolta que derrubou Mubarak.
“Tomei a decisão de pôr fim ao estado de emergência em todo o país, à exceção dos casos de combate a crimes violentos, a partir de 25 de janeiro de 2012 de manhã”, declarou o marechal Tantawi.
Repressão – A lei sobre o estado de emergência, que limita as liberdades públicas e faz julgamentos em tribunais de exceção, foi mantida em vigor sem interrupção durante os trinta anos de governo Mubarak. Ela foi instituída após o assassinato do presidente Anuar el-Sadat por islamitas em outubro de 1981. O fim do estado de emergência simboliza a repressão do antigo regime e é exigida pelos movimentos que iniciaram a revolta que levou à queda de Mubarak no ano passado, assim como pelas capitais ocidentais, em particular Washington.
(Com agência France-Presse)