Duma aprova anexação da Crimeia e Obama anuncia novas sanções
Moscou rebate e estabelece restrições contra congressistas e membros da equipe do presidente americano
Por Da Redação
20 mar 2014, 13h16
Parlamentares russos aplaudem a aprovação do tratado de anexação da Crimeia na Duma Sergei Karpukhin/Reuters/VEJA
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(Atualizado às 22h34)
A Rússia deu nesta quinta-feira mais um passo para consolidar a anexação da Crimeia. A Duma aprovou por 443 votos a 1 o acordo de anexação da península ucraniana. Nesta sexta, o Conselho da Federação deve ratificar o texto assinado nesta semana pelo presidente Vladimir Putin e por governantes da Crimeia. Pouco depois da aprovação, o presidente Barack Obama anunciou que novas sanções serão impostas a pessoas ligadas ao governo russo e a um banco do país, em resposta à movimentação do Kremlin para tomar a região no sul da Ucrânia.
Ao defender a aprovação no Congresso, o chanceler Sergei Lavrov voltou a falar sobre a população de origem russa que é maioria na Crimeia. “Tenho certeza de que esse documento significará um marco decisivo no destino das nações multiétnicas da Crimeia e da Rússia, que estão ligadas por laços fortes de harmonia histórica”, ressaltou o ministro, falando “em nome de Putin”.
Voltando a mencionar a necessidade de proteger a população de origem russa – principal argumento usado por Putin para buscar a anexação, Lavrov disse que “a ilegalidade continua” na Ucrânia, em uma referência ao governo interino instalado depois da deposição do presidente Viktor Yanukovich, que havia se aproximado do Kremlin. “Há ações diárias de nacionalistas, antissemitas e outros extremistas de quem as novas autoridades ucranianas dependem. A unificação desses povos em um Estado vai promover o bem-estar e a prosperidade e serve aos interesses da Rússia”. (Continue lendo o texto)
1/56 Soldados supostamente russos, se protegem atrás de um blindado, enquanto tentam invadir a base aérea de Belbek, na Crimeia (Shamil Zhumatov/Reuters/VEJA)
2/56 Veículo militar supostamente russo, é visto em frente a entrada da base aérea de Belbek, na Crimeia (Vasily Fedosenko/Reuters/VEJA)
3/56 Fogos de artifício explodem sobre a praça central de Simferopol, na Crimeia, enquanto moradores celebram a primeira sexta-feira como parte da Rússia (Reuters/VEJA)
4/56 Em Sevastopol, comemoração após referendo de anexação da região da Crimeia à Rússia (Reuters/VEJA)
5/56 Em Sevastopol, comemoração após referendo de anexação da região da Crimeia à Rússia (Reuters/VEJA)
6/56 Em Sevastopol, comemoração após referendo de anexação da região da Crimeia à Rússia (Rruters/VEJA)
7/56 Em Sevastopol, comemoração após referendo de anexação da região da Crimeia à Rússia (Reuters/VEJA)
8/56 Soldado russo patrulha torre na Crimeia, nesta quianta-feira (20) (Viktor Drachev/AFP/VEJA)
9/56 Soldados russos patrulham área circundante da unidade militar ucraniana em Perevalnoye, na região de Simferopol, Crimeia, nesta quinta-feira (20) (Filippo Monteforte/AFP/VEJA)
10/56 Soldados russos patrulham área circundante da unidade militar ucraniana em Perevalnoye, na região de Simferopol, Crimeia, nesta quinta-feira (20) (Filippo Monteforte/AFP/VEJA)
11/56 Após incorporação da Crimeia à Rússia, letreiro do Parlamento local é trocado por Conselho do Estado da República da Crimeia em Simferopol (VEJA.com/VEJA)
12/56 Homens tiram o letreiro que dá nome ao Parlamento da Crimeia (Reprodução/Twitter/VEJA)
13/56 Mulher passa por soldados russos na sede da Marinha em Simferopol. O Tribunal Constitucional da Rússia decidiu por unanimidade que o presidente Vladimir Putin agiu legalmente ao incorporar a região da Crimeia à Rússia (AFP/VEJA)
14/56 Soldados russos nas ruas de Simferopol, na Ucrânia (Alisa Borovikova/AFP/VEJA)
15/56 Povo da Crimeia comemora na Praça Lênin, em Simferopol, o resultado do referendo que anexa a Crimeia à Rússia (Zurab Kurtsikidze/EFE/VEJA)
16/56 Povo da Crimeia comemora na Praça Lênin, em Simferopol, o resultado do referendo que anexa a Crimeia à Rússia (Hannibal Hannschke/EFE/VEJA)
17/56 Povo da Crimeia comemora na Praça Lênin, em Simferopol, o resultado do referendo que anexa a Crimeia à Rússia (Dimitar Dolkoff/AFP/VEJA)
18/56 População comemora o resultado do referendo na Praça Lênin, em Simferopol, capital da Crimeia (Dimitar Dilkoff/AFP/VEJA)
19/56 Oficiais começam a contagem dos votos do referendo da Crimeia, em Simferopol (Vasily Fedosenko/Reuters/VEJA)
20/56 Mulher deposita seu voto em uma urna do referendo que irá decidir o futuro da Crimeia (Sergei Karpukhin/Reuters/VEJA)
21/56 Homem deixa a cabine de votação após escolher se a Crimeia deve ou não se separar da Ucrânia, na Crimeia (Filippo Monteforte/AFP/VEJA)
22/56 Mulher deposita seu voto em uma urna do referendo que irá decidir o futuro da Crimeia (Baz Ratner/Reuters/VEJA)
23/56 Criança segura o voto do referendo que decidirá se a Crimeia deve ou não se separar da Ucrânia (Sergei Karpukhin/Reuters/VEJA)
24/56 Urnas são vistas com votos sobre o referendo que irá decidir o futuro da Crimeia (Sergei Karpukhin/Reuters/VEJA)
25/56 População da Crimeia vota em referendo na região de Bakhchysarai (DIMITAR DILKOFF / AFP/VEJA)
26/56 Em Sevastopol, funcinários arrumam local de votação para o referendo do dia 16/03/2014 (AFP/VEJA)
27/56 Em Simferopol, ucranianos passam por placa do referendo que acontece em 16/03/2014 (AFP/VEJA)
28/56 Bandeiras russas na Praça Vladmir Lenin, fundador da União Soviética, na cidade ucraniana de Simferopol (AFP/VEJA)
29/56 Manifestação pró-Rússia nas ruas da cidade ucraniana de Simferopol (AFP/VEJA)
30/56 Manifestante pró-Ucrânia segura um retrato do presidente russo Vladimir Putin com referência a Adolf Hitler, durante um comício na cidade Simferopol na região da Crimeia (David Mdzinarishvili/Reuters/VEJA)
31/56 Manifestante pró-Ucrânia com a bandeira do país, durante um comício na cidade Simferopol contra a intervenção russa na Crimeia (David Mdzinarishvili/Reuters/VEJA)
32/56 Manifestantes pró-Rússia participam de um comício na cidade de Simferopol, na região da Crimeia (Vasily Fedosenko/Reuters/VEJA)
33/56 Manifestantes pró-Rússia participam de um comício no centro da cidade ucraniana de Donetsk (Konstantin Chernichkin/Reuters/VEJA)
34/56 Manifestantes pró-Ucrânia participam de um comício em Simferopol contra a intervenção russa na Crimeia (David Mdzinarishvili/Reuters/VEJA)
35/56 Homens armados, supostamente militares russos, marcham fora de uma base militar ucraniana na aldeia de Perevalnoye perto da cidade de Simferopol, na região da Crimeia (Vasily Fedosenko/Reuters/VEJA)
36/56 Manifestantes pró-Rússia participam de um comício na cidade de Simferopol, na região da Crimeia (Vasily Fedosenko/Reuters/VEJA)
37/56 Militares russos montam guarda a bordo um navio da Marinha em Sebastopol, na Crimeia (Zurab Kurtsikidze/EFE/VEJA)
38/56 Homens armados, supostamente militares russos, marcham fora de uma base militar ucraniana na aldeia de Perevalnoye perto da cidade de Simferopol, na região da Crimeia (Thomas Peter/Reuters/VEJA)
39/56 Tropas da Rússia desembarcam na base aérea de Belbek, na Crimeia (Sean Gallup/Getty Images/VEJA)
40/56 Militares ucranianos deixam aeroporto de Belbek, na região da Crimeia (Baz Ratner/Reuters/VEJA)
41/56 Soldados ucranianos jogam futebol próximo a veículos militares russos, na Crimeia (Vasily Fedosenko/Reuters/VEJA)
42/56 Soldados ucranianos descansam perto da entrada da base aérea de Belbek na periferia de Sebastopol, na Crimeia (Viktor Drachev/EFE/VEJA)
43/56 Pilotos da força aérea ucraniana sentados em sacos de areia na base aérea militar em Belbek, perto de Sebastopol, que está cercada por forças russas (Viktor Drachev/AFP/VEJA)
44/56 Soldados ucranianos montam guarda em base militar da Crimeia, na Ucrânia (Darko Vojinovic/AP/VEJA)
45/56 Pilotos da força aérea ucraniana montam guarda na base aérea militar em Belbek, perto de Sebastopol, que está cercada por forças russas (Viktor Drachev/AFP/VEJA)
46/56 Presidente da Rússia, Vladimir Putin, acompanhado do ministro da Defesa, Sergei Shoigu, a caminho do local de realização de exercícios militares em Kirillovsky, na região de Leningrado (Mikhail Klimentyev/RIA Novosti/Kremlin/Reuters/VEJA)
47/56 Militares russos montam guarda no Aeroporto Internacional de Sebastopol, na região da Crimeia, Ucrânia (Vasily Fedosenko/Reuters/VEJA)
48/56 Militares e ativistas pró-Rússia foram vistos no aeroporto de Sebastopol, na região da Crimeia, Ucrânia (Vasily Fedosenko/Reuters/VEJA)
49/56 Militares russos montam guarda no Aeroporto Internacional da cidade de Sebastopol, na região da Crimeia, Ucrânia (Vasily Fedosenko/Reuters/VEJA)
50/56 Integrantes da marinha ucraniana observam um navio russo posicionado na baía de Sebastopol, na região da Crimeia (Viktor Drachev/AFP/VEJA)
51/56 Homens armados patrulham ao redor do edifício do parlamento regional, na cidade de Simferopol, região da Crimeia (David Mdzinarishvili/Reuters/VEJA)
52/56 Soldado das forças armadas russas aguarda na fronteira da Ucrânia para entrar na cidade de Crimeia, em 01/03/2014 (Baz Ratner/Reuters/VEJA)
53/56 Homem segura uma bandeira militar da era soviética durante um comício pró-Rússia em Simferopol, na região da Crimeia (David Mdzinarishvili/Reuters/VEJA)
54/56 Homem segura a bandeira da Rússia durante um protesto em Crimeia, na Ucrânia em 01/03/2014 (David Mdzinarishvili/Reuters/VEJA)
55/56 Homens armados patrulham o aeroporto de Simferopol, na república autônoma da Crimeia, sul da Ucrânia, nesta sexta-feira (28) (Viktor Drachev/AFP/VEJA)
56/56 Manifestantes estendem bandeira gigante da Rússia na Crimeia, ao sul da Ucrânia (David Mdzinarishvili/Reuters/VEJA)
Sem mencionar diretamente os Estados Unidos, Lavrov disse na manhã desta quinta que nações ocidentais estão tentando “preservar sua liderança global e exibir sua excepcionalidade em vez de se esforçar para serem guiadas pelo direito internacional”. O ministro acrescentou que Moscou vai continuar a usar métodos “políticos, diplomáticos e legais” para proteger os russos que estão fora do país.
Sanções – Em resposta ao avanço russo sobre a Crimeia, Barack Obama fez um pronunciamento nesta quinta para anunciar mais sanções contra pessoas ligadas ao Kremlin e contra um banco russo. Também afirmou ter assinado uma ordem executiva que permite avançar sobre “setores chave” da economia russa. “Queremos que o povo ucraniano possa determinar seu próprio destino e tenha boas relações com os Estados Unidos, a Rússia, a Europa, com quem quiser”.
A ordem executiva permite que sejam aplicadas sanções contra o setor de serviços financeiros, energia, mineração e defesa, segundo uma fonte do governo americano informou à agência Reuters. A nova lista de atingidos pelas sanções inclui vinte pessoas ligadas à ação russa na Crimeia e o banco que será submetido às medidas é o Bank Rossiya, que tem 10 bilhões de dólares em ativos.
Depois dos EUA, foi a vez de a União Europeia decidir acrescentar doze nomes à sua lista de 21 personalidades russas e ucranianas já afetadas pelas sanções impostas na última segunda-feira, anunciou o presidente francês, François Hollande. “Haverá 33 personalidades nessa lista”, disse Hollande.
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Putin rebate – A Rússia também anunciou sanções contra os Estados Unidos em retaliação ao congelamento de ativos e restrições a viagens anunciados esta semana por Obama. Moscou advertiu que as sanções americanas “vão atingir os Estados Unidos como um bumerangue”. “Ninguém deve ter dúvidas: vamos responder adequadamente a cada golpe hostil”, afirmou a chancelaria russa.
As sanções estão limitadas, por enquanto, a restrições de entrada no país, e atingem membros da administração Obama e congressistas, como o presidente da Câmara dos Deputados, John Boehner, o chefe da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Robert Menendez, e o senador republicano John McCain, que ironizou no Twitter: “Estou orgulhoso por ter sido sancionado por Putin. Nunca vou parar com meus esforços e dedicação à liberdade e independência da Ucrânia, que inclui a Crimeia”. (Continue lendo o texto)
Mapa da Crimeia VEJA
Assim como Obama não incluiu o ministro Lavrov na lista dos impossibilitados de viajar aos EUA, o que poderia impossibilitar algum encontro diplomático, Moscou também não colocou o secretário de Estado americano John Kerry em sua lista de sancionados. Também ficaram fora a conselheira de segurança Susan Rice e a embaixadora do país na ONU, Samantha Power.
Europa – A chanceler alemã Angela Merkel disse ao Parlamento em Berlim que 28 líderes da União Europeia devem demonstrar que estão prontos para seguir rumo a sanções econômicas contra a Rússia. “A reunião da União Europeia hoje e amanhã deixará claro que estamos prontos para, a qualquer tempo, iniciar a fase 3 de medidas se houver uma piora na situação”.
Alguns diplomatas leram a declaração de Merkel como um reconhecimento implícito de que a Crimeia está perdida e que apenas novos passos de Moscou no sentido de desestabilizar a Ucrânia ou intervir em outras repúblicas pós-soviéticas resultaria em sanções que possam prejudicar economias convalescentes no Ocidente e também na Rússia.
Transição – O acordo aprovado pela Duma entrará em vigor quando for ratificado e determina que a Crimeia estará totalmente integrada à Rússia após um período de transição previsto para terminar no dia 1º de janeiro de 2015.
A Rússia já começou a emitir passaportes para a população da Crimeia, que aprovou em referendo realizado no último domingo a anexação à Rússia. O referendo é considerado ilegal pelo governo interino em Kiev, por EUA e países da União Europeia. Apesar dos discursos contrários à movimentação russa na península, há sinais de que a região já é dada como perdida. Ontem, por exemplo, as autoridades ucranianas anunciaram a retirada de soldados e familiares do território, depois que unidades leais a Moscou invadiram unidades militares em Simferopol.
O Kremlin também está agindo para auxiliar a economia da região, que depende de Kiev para obter 85% de sua eletricidade, 90% de sua água potável e muitos de seus itens de alimentação. O ministro das Finanças Anton Siluanov afirmou que Moscou vai cobrir o déficit orçamentário da Crimeia, estimado em 1,5 bilhão de dólares, com recursos dos cofres russos. O ministro de Energia, Alexander Novak, disse que o país também tem como garantir uma fonte constante de energia para a Crimeia, por meio do fornecimento de fontes back-up e do controle de reservas de combustível.
1/15 <p></p> (Janek Skarzynski/AFP/AFP)
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3/15 <p></p> (Gleb Garanich/Reuters/VEJA)
4/15 <p></p> (Gleb Garanich/AP/VEJA)
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7/15 <p></p> (Stringer/Reuters/VEJA)
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9/15 <p></p> (Gleb Garanich/Reuters/VEJA)
10/15 <p></p> (Andrei Mosienko/Presidential Press Service/Handout via Reuters/VEJA)